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LEGISLATIVO
Vereadores da base de sustentação, com medo de perder a influência nas regionais, emperram votação de projeto
Disputa por cargos trava subprefeituras
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Disputas por cargos entre os vereadores da base governista e medo de perder influência em seus
redutos eleitorais fizeram emperrar a votação do projeto que cria
as subprefeituras na Câmara Municipal de São Paulo.
A proposta, que chegou ao Legislativo em setembro do ano passado, tem como base a descentralização de funções hoje atribuídas
à administração direta e é um dos
principais pontos do programa de
governo defendido pela prefeita
Marta Suplicy (PT).
O maior problema, segundo vereadores ouvidos pela Folha, é o
receio de que as subprefeituras façam surgir líderes regionais que
diminuam o poder dos vereadores e roubem a cena em suas principais zonas de influência.
Para tentar impedir que isso
aconteça, alguns vereadores apostam na possibilidade de indicar os
subprefeitos. Pelo projeto, a indicação seria feita pela prefeita.
A proposta do Executivo também prevê que as subprefeituras
terão dotação orçamentária própria, com autonomia para realização de despesas e que os subprefeitos terão status de secretários.
Além de criticarem a indicação
dos subprefeitos pelo Executivo,
muitos vereadores também são
contra a criação dos conselhos de
representantes, o que seria feito
por outro projeto, de autoria do
próprio Legislativo, mas que também estava previsto no programa
de governo da prefeita.
Os conselhos teriam seus membros eleitos pela comunidade e seriam um dos principais mecanismos de participação popular e de
fiscalização dos recursos.
Outros pontos polêmicos são o
número de subprefeituras proposto (31 em lugar das atuais 28
regionais) e a divisão territorial
dos distritos.
"Sou contra o conselho, acho
que o conselheiro não pode substituir o vereador, à medida que
dou esse poder para ele, qual vai
ser o meu papel?", questiona
Myryam Athiê (PMDB).
A vereadora também defende
que a indicação do subprefeito seja feita pelo Legislativo. "Não vejo
nenhum problema na indicação
política, desde que o subprefeito
seja um técnico. É para isso que a
gente é parceiro do governo", diz.
O projeto também é alvo de críticas entre alguns petistas. Para
Carlos Neder (PT), a indicação do
subprefeito por Marta abre margem a indicações políticas que o
partido sempre criticou.
Myryam também é contra a divisão dos distritos que vão compor as subprefeituras. "Não aceito
a Vila Prudente vinculada à subprefeitura da Mooca", diz a vereadora, que tem na Mooca um de
seus principais redutos eleitorais.
Na divisão atual, há a regional
da Vila Prudente que também
concentra os distritos de Sapopemba e São Lucas.
Segundo Neder, alguns vereadores estão condicionando a
aprovação das subprefeituras à
não-aprovação dos conselhos.
Para o vereador, a aprovação dos
conselhos é fundamental.
Já o líder do governo na Câmara, José Mentor (PT), admite a
possibilidade de se aprovarem
apenas as subprefeituras. "São
projetos diferentes", diz.
Para aprovar as subprefeituras,
são necessários 28 votos. Segundo
Mentor, a intenção é votar o projeto ainda neste mês. "Estamos
abertos a sugestões, desde que
não desfigurem a proposta."
De acordo com o líder de Marta,
a implantação das subprefeituras
será gradual e só deve estar completa no final do governo.
Para os vereadores da oposição,
o problema da implantação do
projeto é a falta de estrutura para
criar 31 subprefeituras.
Segundo Gilberto Natalini
(PSDB), o partido vai apresentar
um substitutivo ao projeto com
menos subprefeituras.
O secretário da Implementação
das Subprefeituras, Jilmar Tatto,
diz que a Pasta está preparada para implantar o projeto.
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