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ENTREVISTA
Ler muito ajuda, mas não basta para escrever bem
DA REPORTAGEM LOCAL
A professora titular da Faculdade de Educação da USP
(Universidade de São Paulo) e
vice-diretora-executiva da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco, estuda a importância do
texto escrito no vestibular desde 1978. Naquele ano, a Fuvest
aplicava a prova de redação pela segunda vez e a professora
desenvolvia uma pesquisa com
base em 1.500 textos de alunos.
A partir de então, ela passou a
realizar estudos para verificar
se a capacidade de escrita melhorou.
(FÁBIO PORTO SILVA)
Folha - O que é hoje avaliado
nas redações?
Maria Thereza Fraga Rocco
-Os pontos básicos consistem
em verificar se o texto não fugiu ao tema e avaliar a coesão e
a coerência. Erros significativos
de concordância, regência, ortografia e pontuação também
são considerados. Estamos
preocupados que o aluno siga
as regras da norma urbana culta escrita.
Folha - Que tipo de mudança
ocorreu nas redações desde 78?
Maria Thereza - Alguns problemas sérios que eu encontrei
em 78, hoje não existem mais.
Falta de correspondência com
o tema e uso excessivo de clichês ocorrem menos.
Folha - Qual o principal problema encontrado atualmente?
Maria Thereza - Os alunos têm
receio de ousar por medo de
perder nota. Eles preferem fazer uma redação conservadora,
atendendo aos padrões. O que
precisam entender é que, se dominarem o padrão, eles poderão tentar superá-lo.
Folha - Porque escrever bem é
valorizado nos vestibulares?
Maria Thereza - Dominar o
texto escrito é garantir o direito
à cidadania, o que o aluno não
terá se não souber escrever.
Folha - Como se desenvolve a
habilidade da escrita?
Maria Thereza - Achar que escrever bem é ler muito é uma
meia verdade. É claro que lendo você enriquece seu repertório, mas isso só funciona se você escrever bastante. Além disso, os textos têm de ser discutidos e reescritos várias vezes.
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