São Paulo, quinta-feira, 04 de abril de 2002

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ENTREVISTA

Ler muito ajuda, mas não basta para escrever bem

DA REPORTAGEM LOCAL

A professora titular da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) e vice-diretora-executiva da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco, estuda a importância do texto escrito no vestibular desde 1978. Naquele ano, a Fuvest aplicava a prova de redação pela segunda vez e a professora desenvolvia uma pesquisa com base em 1.500 textos de alunos.
A partir de então, ela passou a realizar estudos para verificar se a capacidade de escrita melhorou. (FÁBIO PORTO SILVA)

Folha - O que é hoje avaliado nas redações?
Maria Thereza Fraga Rocco
-Os pontos básicos consistem em verificar se o texto não fugiu ao tema e avaliar a coesão e a coerência. Erros significativos de concordância, regência, ortografia e pontuação também são considerados. Estamos preocupados que o aluno siga as regras da norma urbana culta escrita.

Folha - Que tipo de mudança ocorreu nas redações desde 78?
Maria Thereza
- Alguns problemas sérios que eu encontrei em 78, hoje não existem mais. Falta de correspondência com o tema e uso excessivo de clichês ocorrem menos.

Folha - Qual o principal problema encontrado atualmente?
Maria Thereza
- Os alunos têm receio de ousar por medo de perder nota. Eles preferem fazer uma redação conservadora, atendendo aos padrões. O que precisam entender é que, se dominarem o padrão, eles poderão tentar superá-lo.

Folha - Porque escrever bem é valorizado nos vestibulares?
Maria Thereza
- Dominar o texto escrito é garantir o direito à cidadania, o que o aluno não terá se não souber escrever.

Folha - Como se desenvolve a habilidade da escrita?
Maria Thereza
- Achar que escrever bem é ler muito é uma meia verdade. É claro que lendo você enriquece seu repertório, mas isso só funciona se você escrever bastante. Além disso, os textos têm de ser discutidos e reescritos várias vezes.



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