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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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Para especialista, corrida para controlar casos será difícil

DA REDAÇÃO

A julgar por um editorial na prestigiada revista norte-americana "The New England Journal of Medicine" (www.nejm.com), são mais que justificados os temores que cercam a rápida expansão da pneumonia asiática. Assinado por uma diretora dos CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, referência mundial em vigilância epidemiológica, o texto levanta dúvidas sobre a possibilidade de controlar essa doença emergente.
O ceticismo de Julie Louise Gerberding, dos CDC, é explicitado já no título "Mais rápido... mas rápido o bastante?". E retorna na conclusão: "Se tivermos uma sorte extrema, a epidemia será interrompida, desenvolverá um padrão sazonal que melhorará as perspectivas de contenção regional ou evoluirá mais lentamente do que neste estágio inicial".
Já se o vírus conseguir superar a velocidade de pesquisa, comunicação entre autoridades e controle internacional coordenado, o quadro se torna preocupante: "Poderemos ter de enfrentar uma corrida longa e difícil".
O artigo de Gerberding foi publicado antecipadamente e com livre acesso na internet, coisa que revistas como a "NEJM" só fazem em situações excepcionais (como no caso de implicações graves para a saúde pública). Pode ser baixado de content.nejm.org/cgi/reprint/NEJMe030067v1.pdf.
A especialista argumenta que o surgimento da pneumonia asiática revelou rapidez e coordenação nunca antes verificadas entre organismos de saúde e laboratórios de 11 países, sob a coordenação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Destaca o papel da internet e de videoconferências na formação de uma rede instantânea para troca de informações sobre a doença, batizada entre técnicos com o nome vago de síndrome respiratória aguda grave (Sars, na abreviação em língua inglesa).
Segundo Gerberding, essa agilidade de comunicação permitiu que em apenas 12 dias um novo tipo de coronavírus fosse identificado como provável causador da doença. A relação ainda não pode ser considerada provada, diz o editorial, mas oito laboratórios espalhados pelo mundo já coletaram evidências que apontam para o coronavírus desconhecido.
Daí a obter testes diagnósticos confiáveis vai uma boa distância -embora seu desenvolvimento já esteja adiantado, diz Gerberding. Também já se buscam drogas eficazes contra o coronavírus, e passos iniciais começam a ser dados para criar uma vacina, mas isso deve demorar ainda mais.
A dúvida é se chegarão a tempo de evitar uma epidemia global.


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