São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005
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MASSACRE NA BAIXADA Três já foram presos e outros dois estão detidos administrativamente; moradores fazem protesto e culto evangélico no RJ Dez PMs são suspeitos por chacina
TALITA FIGUEIREDO
A Polícia Federal investiga a participação de pelo menos dez policiais militares no massacre da Baixada Fluminense, no qual 30 pessoas foram mortas com tiros a esmo na noite de quinta-feira. Sete tinham menos de 18 anos. Três policiais militares já foram presos e outros dois estão detidos administrativamente por suspeita de participação na chacina realizada nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu. Todos são do 24º Batalhão (Queimados). Entre os cinco policiais há um tenente, um cabo e três soldados. Todos negaram em depoimento ter participado do crime. O juiz de plantão do Fórum de Duque de Caxias, Maxwell Rodrigues da Silva, concedeu, no total, quatro mandados de prisão temporária, mas um dos PMs suspeitos continuava foragido até a conclusão desta edição. Anteontem, uma testemunha, localizada pela Polícia Civil, havia reconhecido o soldado da PM Fabiano Gonçalves, 30, como um dos participantes da chacina. Outra testemunha, desta vez encontrada pela PF, reconheceu ontem o cabo José Augusto Moreira Felipe, 32, como integrante do grupo. Nas casas dos dois PMs, ambos de licença médica, a polícia apreendeu uma escopeta, uma pistola ponto 40 (mesmo modelo do usado no massacre), roupas e uma moto. Um dos PMs estava baleado no braço e atribuiu o ferimento a um assalto. Gonçalves, em depoimento, disse que na hora do crime estava em companhia de um tenente do 24º BPM conhecido como Assis, que foi detido no final da noite de anteontem e está sob investigação. Em diligências por vários municípios da Baixada Fluminense, a PF prendeu o soldado Ivonei de Souza, conhecido como Sandro, e encaminhou para detenção um outro soldado, cuja identidade não foi divulgada porque havia dúvidas se era de fato o PM para o qual havia um mandado de prisão temporária expedido. A PF apreendeu um Vectra branco, dirigido por um PM, próximo ao 24º BPM. Investiga eventual ligação com a chacina, após o carro ter sido abordado rondando o batalhão de Queimados. O Vectra será periciado. "Esse caso causou comoção nacional. A PF abriu um inquérito em separado, mas trabalha para somar esforços com a Polícia Civil", diz o superintendente da PF no Rio, José Hamilton Rodrigues Diligências com a participação de pelo menos 40 agentes da PF foram feitas ontem em municípios da Baixada Fluminense. Segundo Rodrigues, o policial foragido não foi encontrado em sua casa na madrugada passada. A testemunha localizada pela PF é um morador de Nova Iguaçu que disse que estava em casa durante parte do massacre. Afirmou ter ouvido tiros e observado os assassinos. A ele será oferecido integrar o programa nacional de proteção à testemunha. Cerca de cem moradores da rua Gama, onde nove pessoas que estavam em um bar foram assassinadas, fecharam a via, em protesto contra as mortes e pedindo punição aos criminosos. Depois caminharam com faixas e cartazes. Também em frente ao bar do Caíque, onde houve as mortes, foi realizado ontem um culto evangélico com cerca de 200 pessoas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, as investigações têm confirmada a hipótese de que o massacre foi uma retaliação de PMs contra investigações abertas na corporação por comandantes dos batalhões da região. Só duas das vítimas tinham ficha criminal. Ontem à noite, em um outro crime também próximo ao bar na rua da Gama, Adeilton Alves, 33, foi assassinado durante uma briga com um vizinho. Próximo Texto: Crime pode ter sido represália por punição Índice |
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