|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
A jornalista malaia Chai Lim foi roubada e levou um tiro na perna no Carnaval, mas diz querer voltar ao Brasil em 2006
Turista baleada se diz encantada com o país
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
A jornalista malaia Chai Hong
Lim decidiu passar férias pelo segundo ano consecutivo no Brasil
em 2005. Ia dedicar seis semanas
de turismo ao país, que incluiriam
o Carnaval.
Embora já tivesse ouvido muitas histórias sobre violência, assim como menções à hospitalidade dos brasileiros, ela conta que
nunca poderia imaginar o que se
passaria: foi roubada, levou um tiro na perna e, apesar de tudo isso,
retornou encantada para Londres, onde vive, e garante que pretende voltar no ano que vem.
"Eu fiquei chocada de ter sido
baleada. Levei um longo tempo,
inclusive, para aceitar que tinha
levado um tiro. Mas prefiro me
focar no meu encantamento com
a bondade que recebi depois",
disse Chai à Folha.
Anteontem, a jornalista da Malásia que vive na capital britânica
há cerca de nove anos escreveu
para o website do jornal "The
Guardian", onde trabalha, um artigo contando sua experiência,
cujo título era "Fui baleada no
Carnaval".
Mas, do Carnaval mesmo, Chai
acabou vendo pouca coisa. Tirando o período pré-carnavalesco em
Olinda (PE), onde estava, teve de
se contentar em assistir à festa pela televisão. "Isso é o que realmente lamento", afirmou ela.
Chai havia viajado com a intenção de passar seis semanas no
Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro, foi para Ouro Preto (MG) e
Parati (RJ) e, depois, para Olinda.
Ficou quatro dias em um albergue e, na sexta-feira antes do início do Carnaval, uma amiga brasileira chamada Tatiana, que ela
havia conhecido em Foz do Iguaçu no ano anterior, quando já havia passado três semanas no Brasil, passou para buscá-la.
Ela iria ficar na casa da família
da amiga em Paulista, município
pernambucano. "Íamos a um camarote, veríamos o bloco Galo da
Madrugada."
Mas, inesperadamente, todos
esses planos foram por água abaixo. Ao deixar o albergue, ela e a
amiga tiveram de pegar uma rota
alternativa porque a avenida principal estava fechada.
"Cheguei a achar que a rua estava um pouco mais escura do que
gostaria. Mas a Tatiana era do local, passamos por um posto de gasolina e uma estação da polícia.
Achei que não teria problema. Estávamos subindo a rua, quando,
de repente, três homens apareceram das sombras", disse ela.
Brincadeira
Chai conta que chegou a pensar
que era a típica brincadeira carnavalesca sobre a qual já tinha ouvido em que garotos tentam roubar
beijos das moças desprevenidas.
Um momento depois, no entanto,
ela diz que viu um dos rapazes puxar uma arma.
"Tentei correr, mas fui rapidamente jogada no chão."
Chai tentou lutar contra os assaltantes para que não levassem
sua mochila. Foi arrastada pelo
chão e acabou levando um tiro na
perna direita. Mas custou a se dar
conta disso.
"Eu estava em estado de choque. Não conseguia processar nada", disse ela.
O incidente mudou os planos da
jornalista totalmente. Cancelou
sua ida para a Amazônia e acabou
voltando para o Reino Unido três
semanas antes do previsto.
Mas, nos sete dias em que teve
de repousar no Brasil, surpreendeu-se com a hospitalidade e o carinho dos familiares da amiga,
dos seus vizinhos e de pastores
que foram visitá-la.
Foi levada para Itamaracá, Porto de Galinhas e até aprendeu a
dançar forró, ainda que mancando, e a fazer salgadinhos, como a
coxinha, com a mãe da amiga.
Agora, seus planos para 2006 são
voltar para o Brasil e aproveitar o
que perdeu: o Carnaval.
Pensa até em sair em uma escola
de samba em São Paulo com uma
amiga e, se recebesse um patrocínio, brinca ela, adoraria ir curtir
os caros desfiles no Rio.
Texto Anterior: Acusado de matar irmãs é preso Próximo Texto: Frases Índice
|