São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2005

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VIOLÊNCIA

A jornalista malaia Chai Lim foi roubada e levou um tiro na perna no Carnaval, mas diz querer voltar ao Brasil em 2006

Turista baleada se diz encantada com o país

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

A jornalista malaia Chai Hong Lim decidiu passar férias pelo segundo ano consecutivo no Brasil em 2005. Ia dedicar seis semanas de turismo ao país, que incluiriam o Carnaval.
Embora já tivesse ouvido muitas histórias sobre violência, assim como menções à hospitalidade dos brasileiros, ela conta que nunca poderia imaginar o que se passaria: foi roubada, levou um tiro na perna e, apesar de tudo isso, retornou encantada para Londres, onde vive, e garante que pretende voltar no ano que vem.
"Eu fiquei chocada de ter sido baleada. Levei um longo tempo, inclusive, para aceitar que tinha levado um tiro. Mas prefiro me focar no meu encantamento com a bondade que recebi depois", disse Chai à Folha.
Anteontem, a jornalista da Malásia que vive na capital britânica há cerca de nove anos escreveu para o website do jornal "The Guardian", onde trabalha, um artigo contando sua experiência, cujo título era "Fui baleada no Carnaval".
Mas, do Carnaval mesmo, Chai acabou vendo pouca coisa. Tirando o período pré-carnavalesco em Olinda (PE), onde estava, teve de se contentar em assistir à festa pela televisão. "Isso é o que realmente lamento", afirmou ela.
Chai havia viajado com a intenção de passar seis semanas no Brasil. Desembarcou no Rio de Janeiro, foi para Ouro Preto (MG) e Parati (RJ) e, depois, para Olinda.
Ficou quatro dias em um albergue e, na sexta-feira antes do início do Carnaval, uma amiga brasileira chamada Tatiana, que ela havia conhecido em Foz do Iguaçu no ano anterior, quando já havia passado três semanas no Brasil, passou para buscá-la.
Ela iria ficar na casa da família da amiga em Paulista, município pernambucano. "Íamos a um camarote, veríamos o bloco Galo da Madrugada."
Mas, inesperadamente, todos esses planos foram por água abaixo. Ao deixar o albergue, ela e a amiga tiveram de pegar uma rota alternativa porque a avenida principal estava fechada.
"Cheguei a achar que a rua estava um pouco mais escura do que gostaria. Mas a Tatiana era do local, passamos por um posto de gasolina e uma estação da polícia. Achei que não teria problema. Estávamos subindo a rua, quando, de repente, três homens apareceram das sombras", disse ela.

Brincadeira
Chai conta que chegou a pensar que era a típica brincadeira carnavalesca sobre a qual já tinha ouvido em que garotos tentam roubar beijos das moças desprevenidas. Um momento depois, no entanto, ela diz que viu um dos rapazes puxar uma arma.
"Tentei correr, mas fui rapidamente jogada no chão."
Chai tentou lutar contra os assaltantes para que não levassem sua mochila. Foi arrastada pelo chão e acabou levando um tiro na perna direita. Mas custou a se dar conta disso.
"Eu estava em estado de choque. Não conseguia processar nada", disse ela.
O incidente mudou os planos da jornalista totalmente. Cancelou sua ida para a Amazônia e acabou voltando para o Reino Unido três semanas antes do previsto.
Mas, nos sete dias em que teve de repousar no Brasil, surpreendeu-se com a hospitalidade e o carinho dos familiares da amiga, dos seus vizinhos e de pastores que foram visitá-la.
Foi levada para Itamaracá, Porto de Galinhas e até aprendeu a dançar forró, ainda que mancando, e a fazer salgadinhos, como a coxinha, com a mãe da amiga. Agora, seus planos para 2006 são voltar para o Brasil e aproveitar o que perdeu: o Carnaval.
Pensa até em sair em uma escola de samba em São Paulo com uma amiga e, se recebesse um patrocínio, brinca ela, adoraria ir curtir os caros desfiles no Rio.


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