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SAÚDE
Vigilância Sanitária cria regras para os alimentos que alegam prevenir doenças e que ganham mercado em todo o mundo
País cria norma para alimentos funcionais
da Reportagem Local
O Ministério da Saúde já tem
prontas duas portarias que definem e regulamentam os alimentos
funcionais ou nutracêuticos
-aqueles capazes de promover
saúde e reduzir o risco de doenças.
O novo conceito de alimentação
está atraindo pesquisadores, agitando o mercado e cativando consumidores no mundo todo.
No cenário que começa a ser
construído, a gôndola dos supermercados tende a ser tão importante na saúde das pessoas quanto
o balcão das farmácias.
Para evitar que o consumidor
não caia no conto das curas milagrosas, o Japão e países da Comunidade Européia já baixaram regras firmes para esse mercado.
A legislação brasileira, que será
publicada este mês, proíbe que se
anuncie que um alimento cure tal
doença (leia texto nesta página).
Na bandeja dos funcionais estariam todos os produtos com
"health claims", aqueles que alegam uma determinada função
comprovadamente benéfica à saúde. Nos EUA, onde não há legislação rigorosa a respeito, cerca de
um terço do mercado de alimentos
-estimado em US$ 500 bilhões
anuais- já foi abocanhado pelos
ditos nutracêuticos. Aí estão desde
suplementos, produtos com menos gordura, substitutos do açúcar, lights, diets e até bebidas enriquecidas com vitamina.
"Alimento funcional é apenas
aquele com propriedade -ou
composto bioativo- capaz de
modular alguma função do organismo", define Franco Lajolo, chefe do Departamento de Alimentos
e Nutrição Experimental da USP e
líder do grupo que elaborou as
normas sobre esses produtos.
Lajolo cita um exemplo: a França
desenvolveu, por engenharia genética, um tomate com maior
quantidade de licopeno, substância que protege contra o câncer da
próstata. Uma massa concentrada
para macarronada com esse tomate poderá ser vendida como alimento funcional.
O mercado brasileiro ainda está
despertando para esse segmento,
embora aqui a diversidade de solo
e alimentos prometa um crescimento rápido. Já existem alguns
exemplos. A pesquisadora Jocelem
Mastrodi Salgado, titular de nutrição humana da Esalq-USP de Piracicaba, desenvolveu um vinagre de
uva com acerola que resulta em
300% mais de vitamina C.
"Trata-se de um tempero funcional", ela afirma. O produto, já batizado de Vinaccerola, será fabricado em pequena escala pela Sanavita Indústria de Alimentos Funcionais, de Piracicaba. O diretor Tiago
Lima diz que a empresa é pioneira
no Brasil em alimentos funcionais.
"Todos os nossos investimentos
e pesquisas estão voltados para
produtos que promovam saúde",
ele afirma. A empresa já tem no
mercado o Sanavita -conhecido
como a "verdadeira dieta da
USP"- e o Suprinutri, composto
vegetal indicado para organismos
debilitados, idosos e atletas.
Ainda no Brasil, a Slim, empresa
que há 25 atua no mercado de dietéticos, já anunciou para este ano
toda uma linha de produtos nutracêuticos. Na maioria, serão produtos convencionais adicionados
com vitaminas, ferro, cálcio.
A empresa conta com um consultor internacional, Darald Donnell, cuja missão é buscar idéias no
mercado americano. "O Brasil ainda não tem a cultura de consumir
esse tipo de alimento, mas é apenas
questão de tempo", prevê.
Outro exemplo: está chegando
ao Brasil o Stolle Milk, desenvolvido pelo laboratório da empresa
nos EUA e com o leite de vacas da
Nova Zelândia. A empresa diz que
o leite, em pó, tem capacidades
imunológicas capaz de combater e
prevenir doenças.
Nos EUA, a Reliv, talvez a maior
fabricante de alimentos funcionais, tem um produto no mercado
à base de soja para mulheres na
pré-menopausa. Pesquisas mostraram que uma das substâncias
presentes nesse tipo de feijão aumentaria o estrogênio, hormônio
cuja redução facilita o estabelecimento de certas doenças.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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