São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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Falsa bomba é presa a sequestrado

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Você está andando na rua tranquilamente numa manhã de sexta-feira quando, de repente, você é sequestrado, espancado, tem uma suposta bomba amarrada nas costas e é obrigado a sacar do banco do qual você não é cliente um dinheiro que você não tem. Caso contrário, você será explodido e um irmão, que você também não tem, será a próxima vítima.
A situação, que mais parece um pesadelo, ocorreu ontem com o diretor e dono de escola infantil e de ensino fundamental José Luiz Faria Neto, 46, e parou o centro de Santo André (Grande São Paulo) por duas horas.
Com o suposto artefato nas costas, Faria Neto procurou abrigo na igreja Nossa Senhora do Carmo, que foi isolada pela polícia. Foram momentos de tensão até que policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da PM, descobriram que o material não passava de um rádio toca-fitas de carro com alguns fios a mais para parecer uma bomba.
Tanto Faria Neto quanto a polícia acreditam que os sequestradores erraram o alvo. O diretor teria sido confundido com outro homem, do qual o grupo teria várias informações.
Faria Neto foi pego por três homens a poucos metros do estacionamento onde deixou seu carro, por volta das 10h de ontem. Ele disse que foi jogado no interior de uma perua Sprinter, onde foi agredido e teve o material colocado em suas costas.
Os sequestradores disseram que seu irmão também tinha sido preso e os dois iriam morrer se Faria Neto não retirasse R$ 50 mil no banco Banespa (hoje Santander).
Um motoqueiro iria pegar o dinheiro na praça. O diretor argumentou que era filho único, não era cliente desse banco e que não tinha esse valor.
E, além disso, não conseguiria passar pela porta eletrônica do banco com aquele material nas costas. Os sequestradores não acreditaram no diretor.
Ele foi liberado pelo grupo a duas quadras do banco. Antes disso, foi aterrorizado. Disseram que ele andasse devagar porque os fios eram muitos sensíveis e que seria monitorado por pessoas em bancas de jornais e no próprio banco. "A coisa é assustadora. Cada pessoa que você olha na rua parece que está te vigiando."
Na frente do Banespa, no entanto, o diretor correu para a igreja. "Pensei: vou entrar na igreja porque um controle remoto com aquele monte de parede talvez não ative", disse ele.
Para o diretor, a chegada do Gate na igreja foi o momento de maior tensão. "Com toda aquela roupa, aquela armadura. Todos os cuidados para desarmar o suposto artefato, eu senti muito medo", disse Faria Neto.
Segundo o delegado Marcos Alexandre Cattani, de Santo André, não há pistas dos sequestradores nem do homem que seria o verdadeiro alvo dos bandidos.



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