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Falsa bomba é presa a sequestrado
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Você está andando na rua tranquilamente numa manhã de sexta-feira quando, de repente, você
é sequestrado, espancado, tem
uma suposta bomba amarrada
nas costas e é obrigado a sacar do
banco do qual você não é cliente
um dinheiro que você não tem.
Caso contrário, você será explodido e um irmão, que você também
não tem, será a próxima vítima.
A situação, que mais parece um
pesadelo, ocorreu ontem com o
diretor e dono de escola infantil e
de ensino fundamental José Luiz
Faria Neto, 46, e parou o centro de
Santo André (Grande São Paulo)
por duas horas.
Com o suposto artefato nas costas, Faria Neto procurou abrigo
na igreja Nossa Senhora do Carmo, que foi isolada pela polícia.
Foram momentos de tensão até
que policiais do Gate (Grupo de
Ações Táticas Especiais), da PM,
descobriram que o material não
passava de um rádio toca-fitas de
carro com alguns fios a mais para
parecer uma bomba.
Tanto Faria Neto quanto a polícia acreditam que os sequestradores erraram o alvo. O diretor teria
sido confundido com outro homem, do qual o grupo teria várias
informações.
Faria Neto foi pego por três homens a poucos metros do estacionamento onde deixou seu carro,
por volta das 10h de ontem. Ele
disse que foi jogado no interior de
uma perua Sprinter, onde foi
agredido e teve o material colocado em suas costas.
Os sequestradores disseram que
seu irmão também tinha sido preso e os dois iriam morrer se Faria
Neto não retirasse R$ 50 mil no
banco Banespa (hoje Santander).
Um motoqueiro iria pegar o dinheiro na praça. O diretor argumentou que era filho único, não
era cliente desse banco e que não
tinha esse valor.
E, além disso, não conseguiria
passar pela porta eletrônica do
banco com aquele material nas
costas. Os sequestradores não
acreditaram no diretor.
Ele foi liberado pelo grupo a
duas quadras do banco. Antes
disso, foi aterrorizado. Disseram
que ele andasse devagar porque
os fios eram muitos sensíveis e
que seria monitorado por pessoas
em bancas de jornais e no próprio
banco. "A coisa é assustadora. Cada pessoa que você olha na rua
parece que está te vigiando."
Na frente do Banespa, no entanto, o diretor correu para a igreja.
"Pensei: vou entrar na igreja porque um controle remoto com
aquele monte de parede talvez
não ative", disse ele.
Para o diretor, a chegada do Gate na igreja foi o momento de
maior tensão. "Com toda aquela
roupa, aquela armadura. Todos
os cuidados para desarmar o suposto artefato, eu senti muito medo", disse Faria Neto.
Segundo o delegado Marcos
Alexandre Cattani, de Santo André, não há pistas dos sequestradores nem do homem que seria o verdadeiro alvo dos bandidos.
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