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VIOLÊNCIA
Desarticulação do grupo teria ocorrido após a prisão, ontem no Rio, de um cunhado e de uma irmã do traficante
Polícia anuncia desmonte da quadrilha de Uê
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Civil do Rio e a Polícia
Federal anunciaram a desarticulação da quadrilha de Ernaldo
Pinto Medeiros, o Uê, com as prisões, ontem, de seu cunhado Carlos Roberto Cabral da Silva, o Robertinho do Adeus, e de Evanilda
Medeiros, irmã do traficante.
As prisões foram realizadas por
policiais envolvidos na Operação
Camisa Preta, parceria firmada
entre as duas corporações. Desde
o dia 15 de abril, a Polícia Civil e a
PF já prenderam 26 pessoas acusadas de atuar no tráfico de drogas, das quais 16 da quadrilha que
Uê comanda de dentro do presídio Bangu 1 (zona oeste do Rio),
onde está preso desde 1996.
"Faltam apenas dois membros
da quadrilha do Uê para serem
presos. No entanto, o bando está
totalmente desarticulado porque
todos os seus chefes já estão presos", disse o chefe da Polícia Civil,
delegado Zaqueu Teixeira.
Segundo o delegado Marcelo
Itagiba, superintendente da PF no
Rio, Robertinho fazia contatos
com guerrilheiros colombianos
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O superintendente afirmou que
a quadrilha comprava cocaína da
organização guerrilheira colombiana, assim como também fazia
Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em
Bangu 1 e considerado pela polícia o principal inimigo de Uê.
Apesar de preso há seis anos, Uê
continua sendo considerado pela
PF e pela Secretaria Estadual da
Segurança Pública um dos traficantes mais poderosos do Rio.
Chefe da facção criminosa ADA
(Amigo dos Amigos), Uê movimenta cerca de R$ 20 milhões por
ano com o comércio de drogas, de
acordo com Itagiba.
As investigações conjuntas
apontam Uê como líder do tráfico
de cocaína e maconha em várias
favelas da zona norte, entre elas os
morros do Adeus e do Juramento
e o complexo de favelas do Caju.
O casal Robertinho do Adeus e
Evanilda foi preso de madrugada
durante uma blitz feita por policiais da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil) na rodovia Washington Luís,
na altura de Duque de Caxias (cidade na Baixada Fluminense).
O chefe da Polícia Civil informou que o novo objetivo será desarticular as quadrilhas dos traficantes Paulo César dos Santos (Linho), Celso Luiz Rodrigues (Celsinho da Vila Vintém) e Elias Pereira da Silva (Elias Maluco).
Para a chefe de investigações da
DRE, inspetora Marina Maggessi,
a desarticulação da quadrilha de
Uê deverá acirrar a guerra entre
traficantes pela disputa das "bocas" de drogas. "Uê controlava o
tráfico em várias favelas da zona
norte, que poderão ser invadidas
pelo Comando Vermelho."
Segundo a inspetora, Uê é acusado de traidor pelo CV (Comando Vermelho) por ter matado, em
1994, no complexo do Alemão
(zona norte), o traficante Orlando
da Conceição, o Orlando Jogador,
então líder máximo da facção.
Depois disso, Uê foi expulso do
CV e fundou a ADA ao lado de
Celsinho da Vila Vintém.
Dos 16 integrantes da quadrilha
de Uê presos, pelo menos seis são
parentes do traficante, entre eles o
também cunhado Wanderley
Soares, o Orelha, e a outra irmã,
Enivalda. "Essa estrutura familiar
da quadrilha a tornou mais poderosa do que qualquer outra", disse
Teixeira.
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