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AMBIENTE
Água subterrânea em área da Shell está poluída
Moradores da Vila Carioca usaram poço no auge da contaminação
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores da rua Colorado,
que vivem muro a muro com a
base da Shell na Vila Carioca (zona sul de SP), confirmam ter consumido água de poços artesianos
no auge da contaminação da área.
Segundo mais de dez pessoas
que vivem no local há mais de 30
anos, só no fim da década de 70 a
região passou a ter água encanada. Até então, todos recorriam ao
lençol subterrâneo que, assim como o subsolo, se encontra poluído por substâncias tóxicas e cancerígenas como benzeno, tolueno, xileno, etilbenzeno e chumbo.
A população afirma ainda ter
usado água de duas fontes também ligadas a poços subterrâneos, que ficavam nas portas de
entrada da unidade da Shell.
Foi exatamente até o fim dos
anos 70 que a empresa admite ter
enterrado no solo borras de combustível. A base da Shell funciona
numa área de 180 mil m2 desde o
fim dos anos 40 e não tem licença.
A contaminação do local, denunciada em 93, é alvo de ação civil pública proposta pela Promotoria de Meio Ambiente da Capital. O Ministério Público estima
que até 30 mil pessoas possam ter
sido afetadas pela poluição, mas
não foi feito ainda nenhum exame de saúde na população, que se
diz apavorada e desinformada.
"Meu condomínio sempre usou
água de poço artesiano, mas de
uns tempos para cá constataram
contaminação e tivemos de fechá-lo", conta a vendedora Isabel
Vendrame, 40, que vive há 32
anos no Conjunto Auriverde, único da região com poço cadastrado
no Daee (Departamento de Águas
e Energia Elétrica).
"Moro aqui desde que nasci e só
fui saber do risco pelo jornal.
Sempre tive horta em casa e achava que minha família estava comendo um alimento mais saudável. Se soubesse da contaminação
antes, não teria feito isso", reclama Lúcia Ferreti Almeida, 32.
Uma reunião marcada para segunda-feira deve reunir a comunidade e representantes da Shell.
A empresa descarta, porém, qualquer possibilidade de que os poluentes tenham avançado para a
área residencial e sustenta que as
águas subterrâneas correm no
sentido contrário ao das casas.
Diz também que só fará exames
nos moradores se os laudos ambientais apontarem necessidade.
O vereador Jooji Hato (PMDB),
presidente da CPI dos Postos de
Combustíveis, disse ontem, em
vistoria à área da Shell, que quer
aprovar na comissão a exigência
de novas avaliações ambientais
na região, a serem feitas por técnicos convocados pela CPI.
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