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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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AMBIENTE

Área da creche concentra contaminação na favela Paraguai, segundo laudo; não há indício de problemas de saúde

310 crianças passam o dia sob ponto crítico

DA REPORTAGEM LOCAL

Um gramado verde e aparado, poucas árvores, apesar da área de 6.600 m2, brinquedos. É esse o lugar reservado para as 310 crianças que passam o dia na Creche Esperança, no meio da favela Paraguai, brincarem e tomarem sol.
É sob parte da creche -uma espécie de oásis no meio de barracos espremidos- que também está o ponto mais crítico de contaminação da área, de acordo com laudo em poder da Cetesb.
A mancha que mostra concentração do material contaminado sob a creche também avança sobre barracos vizinhos, justamente na parte da favela em que um incêndio destruiu no ano passado cerca de 300 moradias.
Invisível e sem cheiro, ninguém se dá conta dos produtos que podem estar sendo exalados do subsolo e inalados pelas crianças.
Na Sabesp, que já sabia do problema desde o final do ano passado, chegou a ser cogitada a remoção emergencial da creche, devido aos riscos para a saúde a que as crianças estão sujeitas.
Mas, como a maioria delas vive também na favela, chegou-se à conclusão de que iniciar a remoção pela creche pouco evitaria o risco às crianças.
Na creche, não há indício de algum problema de saúde que seja incomum para meninas e meninos de até seis anos, 70% deles moradores da favela.
Até agora, o único cuidado especial que a coordenação da unidade tinha de adotar, por estar em um terreno que abriga também uma favela e um CDP, era ficar atento à possibilidade de os presos, em dia de revista, jogarem drogas na área da creche.
Quanto à saúde das crianças, a coordenação da unidade afirma nunca ter detectado nada que levantasse qualquer suspeita da contaminação.
"Temos muitos problemas de pulmão e pneumonia, por conta da poluição e do mau cheiro, nesse caso, em crianças que moram mais perto do rio. Também há casos de diarréia, pelo fato de parte dos moradores não ter água encanada", diz a coordenadora administrativa da creche, Maria de Lourdes Ferreira Sebastião.
De acordo com a coordenadora, a creche costuma recomendar dois postos de saúde próximos à favela quando alguma criança passa mal ou quando as mães pedem orientação.
Nessas unidades, porém, não há dados isolados sobre os moradores da favela Paraguai, nem das crianças. "Não temos registros de algum problema fora do padrão entre os moradores", diz a diretora do Distrito de Saúde de Vila Prudente, Denizi Reis.
"Mas, para ter certeza absoluta, teríamos que entrar no projeto em que essa questão está sendo investigada", diz ela. (JCS e MV)


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