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AMBIENTE
Área da creche concentra contaminação na favela Paraguai, segundo laudo; não há indício de problemas de saúde
310 crianças passam o dia sob ponto crítico
DA REPORTAGEM LOCAL
Um gramado verde e aparado,
poucas árvores, apesar da área de
6.600 m2, brinquedos. É esse o lugar reservado para as 310 crianças
que passam o dia na Creche Esperança, no meio da favela Paraguai,
brincarem e tomarem sol.
É sob parte da creche -uma espécie de oásis no meio de barracos espremidos- que também
está o ponto mais crítico de contaminação da área, de acordo com
laudo em poder da Cetesb.
A mancha que mostra concentração do material contaminado
sob a creche também avança sobre barracos vizinhos, justamente
na parte da favela em que um incêndio destruiu no ano passado
cerca de 300 moradias.
Invisível e sem cheiro, ninguém
se dá conta dos produtos que podem estar sendo exalados do subsolo e inalados pelas crianças.
Na Sabesp, que já sabia do problema desde o final do ano passado, chegou a ser cogitada a remoção emergencial da creche, devido aos riscos para a saúde a que as
crianças estão sujeitas.
Mas, como a maioria delas vive
também na favela, chegou-se à
conclusão de que iniciar a remoção pela creche pouco evitaria o
risco às crianças.
Na creche, não há indício de algum problema de saúde que seja
incomum para meninas e meninos de até seis anos, 70% deles
moradores da favela.
Até agora, o único cuidado especial que a coordenação da unidade tinha de adotar, por estar em
um terreno que abriga também
uma favela e um CDP, era ficar
atento à possibilidade de os presos, em dia de revista, jogarem
drogas na área da creche.
Quanto à saúde das crianças, a
coordenação da unidade afirma
nunca ter detectado nada que levantasse qualquer suspeita da
contaminação.
"Temos muitos problemas de
pulmão e pneumonia, por conta
da poluição e do mau cheiro, nesse caso, em crianças que moram
mais perto do rio. Também há casos de diarréia, pelo fato de parte
dos moradores não ter água encanada", diz a coordenadora administrativa da creche, Maria de
Lourdes Ferreira Sebastião.
De acordo com a coordenadora,
a creche costuma recomendar
dois postos de saúde próximos à
favela quando alguma criança
passa mal ou quando as mães pedem orientação.
Nessas unidades, porém, não há
dados isolados sobre os moradores da favela Paraguai, nem das
crianças. "Não temos registros de
algum problema fora do padrão
entre os moradores", diz a diretora do Distrito de Saúde de Vila
Prudente, Denizi Reis.
"Mas, para ter certeza absoluta,
teríamos que entrar no projeto
em que essa questão está sendo
investigada", diz ela.
(JCS e MV)
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