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BARBARA GANCIA
De onde vêm os brinquedinhos letais?
A esta altura, depois de semanas falando sobre a necessidade de reduzir a quantidade de armas no país e de ter sido
submetida, como consequência, a
centenas de e-mails com todo tipo
de insulto e ameaça, creio que já
estou apta a traçar um perfil psicológico do termocéfalo que milita pelo porte, pela posse e pelo livre comércio de armas.
Seria mais honesto se esse pessoal que me escreveu admitisse
seu fascínio pelas armas e dissesse
de uma vez que usa a defesa contra ladrões como desculpa para
justificar sua tara por brinquedinhos letais.
Pode ser só coincidência, mas a
retumbante maioria dos que escreveram defendendo a "liberdade" de andar armado só conseguiu exprimir seu ponto de vista
com a ajuda de alguma forma de
hostilidade. Isso diz bastante sobre o tipo de gente que gosta de
andar armado, mas, infelizmente, mesmo que todos os brinquedinhos de cada um dos desequilibrados que pensam como esses
hunos missivistas fossem confiscados, ainda assim, o problema
estaria longe de ser resolvido.
Veja só: desde 1999, tanto a
Taurus quanto a CBC, duas das
maiores empresas de fabricação
de armas e munições no país,
acordaram em não mais exportar
seus produtos para o Paraguai.
No Rio, onde bala perdida é tão
comum quanto pernilongo na
margem do rio Pinheiros, as lojas
que vendem armas e munições
praticamente fecharam todas. No
resto do país, a venda caiu até
80% no último ano. Ainda assim,
existe uma relação de algo como
uma arma legalizada para cada
dez ou 15 ilegais (ninguém sabe
ao certo) em circulação.
Eu pergunto: se a indústria de
armas jura de pés juntos que tem
absoluto controle sobre os produtos que vende e se ela não vende
mais armas para o Paraguai, de
onde vêm as armas ilegais que estão matando o brasileiro? E o que
acontece com as armas que são
recolhidas pela polícia? Está aí
um belo tema para matutar. Encerro o assunto cumprimentando
a Comissão de Constituição e Justiça do Senado por ter aprovado o
projeto que torna crime inafiançável o porte e a venda ilegais e o
contrabando de armas.
Encantados com a brandura da
nova retórica de Lula, os neolulistas se iludiram de que, no governo
do PT, o MST seria tratado com o
rigor da lei. Pois não sei qual o
achincalhe maior: se a invasão da
fazenda de um presidente da República ou os tapinhas nas costas
de outro presidente, seguidos da
declaração de recrudescimento
das invasões.
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