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POLÍCIA
2 peritos, 1 ex-carcereiro e 1 funcionário de empresa do governo do Estado teriam cobrado propina para adulterar fichas criminais
Justiça decreta prisão de policiais por fraude
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça decretou ontem a prisão temporária por cinco dias de
dois policiais civis, de um funcionário da Prodesp (Companhia de
Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e de um ex-carcereiro pelo suposto envolvimento em um esquema de adulteração de fichas criminais.
A fraude era mudar antecedentes para crimes mais leves ou sobrepor informações de dois delitos, eliminando o mais grave, em
troca de propina (de R$ 500 a R$
1.500), segundo investigação.
O esquema estaria funcionando
há pelo menos um ano, segundo o
delegado da Corregedoria da Polícia Civil Rubens Rezende Leite,
responsável pelo inquérito.
O papiloscopista Eduardo da
Costa Forzi e a auxiliar de papiloscopista Ludgera Guilherme da Silva trabalham no IIRG (Instituto
de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt). Flávio de Souza Alves
é funcionário da Prodesp. O ex-carcereiro Joel Pereira de Jesus
também participaria do esquema.
Os quatro foram indiciados ontem por formação de quadrilha,
prevaricação (crime de funcionário público que deixa de cumprir
função ou a cumpre para satisfazer interesse) e por alterar ilegalmente sistema público de informações. A prisão deles foi decretada pelo juiz do Dipo (Departamento de Inquéritos e Polícia Judiciária) Cesar Augusto Andrade
Castro. Até o fim da noite de ontem, ninguém havia sido preso.
Segundo o delegado Rubens
Leite, Jesus conseguia os "clientes". Ele acionava Forzi, que encaminhava a Jesus uma cópia do
prontuário do criminoso que
queria alterar sua ficha.
Depois o ex-carcereiro entrava
em contato com Alves, que tinha a
senha que possibilitava alterar dados da ficha criminal. Ele não
conseguia sumir com os crimes,
mas só alterar dados. Ludgera Silva, segundo a polícia, também
conseguia "clientes" e era outra
que pedia a intervenção de Alves.
A negociação foi flagrada em escutadas feitas nos telefones de Alves e Jesus, segundo a Corregedoria da Polícia. Nessas ligações, haveria detalhes da combinação das
fraudes. Leite disse que ainda não
é possível saber o total de casos e
de criminosos beneficiados.
O indiciamento e o pedido de
prisão foram embasados em
"quatro ou cinco casos", segundo
o delegado. Neles, traficantes e estelionatários teriam pedido para
alterar suas fichas para crimes
mais leves, como acidente de
trânsito, por exemplo.
Segundo Leite, ainda não é possível saber se os beneficiados
eram foragidos ou pessoas que tinham cumprido pena mas queriam amenizar os antecedentes.
O próximo passo da polícia é saber a extensão da fraude e o período em que ela vinha sendo realizada. "Concluímos o inquérito o
mais rápido possível devido à gravidade da fraude", disse Leite.
Segundo o delegado, o esquema
foi descoberto quando técnicos
desconfiaram de alterações nos
prontuários. As escutas nos telefones de Alves e Jesus estavam
sendo feitas desde o começo de
junho. No dia 24 do mesmo mês,
foi aberto inquérito pela Corregedoria da Polícia Civil.
Apesar de admitir que a fraude é
grave, o delegado negou que o
controle das fichas criminais seja
deficiente. "Só pessoas com senhas têm acesso", afirmou.
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