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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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TRÂNSITO

Falha em registro nacional permitiria emplacamento

Esquema de roubo de carros leva a afastamento de sete do Detran-RJ

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio de Janeiro afastou ontem sete funcionários da regional de Nova Friburgo (área serrana) suspeitos de participação num esquema que envolve roubo de carros na Argentina, no Paraguai e no Uruguai e emplacamento no Brasil. Se for comprovada a culpa dos funcionários, eles poderão responder a processos administrativo e criminal.
Segundo Hugo Leal, presidente do Detran-RJ, a descoberta foi feita após fiscalização indicar que 20 carros foram irregularmente cadastrados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) em 2002. Os nomes dos acusados não foram divulgados.
Segundo Leal, o esquema detectado em Nova Friburgo teria se aproveitado de supostas falhas no Renavam, que estariam facilitando o cadastro de veículos roubados também em Miami, nos Estados Unidos, e vendidos no Peru e no Paraguai por aproximadamente US$ 15 mil. Esses veículos seriam emplacados no Brasil após entrarem no país pelo Acre.
O presidente do Detran-RJ disse ter informado as falhas ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Procurado, o Denatran não respondeu à Folha até o fechamento desta edição.
Todos os carros produzidos no Brasil após 1993 devem ter um pré-cadastramento. Ou seja, as montadoras fazem uma espécie de "certidão de nascimento" dos veículos fabricados e informam ao Denatran as características, como modelo, cor, chassi e ano. Quando o veículo é emplacado pelo dono, o Renavam checa se os dados já constam do sistema.
"Alguns veículos de 2000, por exemplo, eram emplacados como se tivessem sido fabricados em 1993, com a participação de funcionários do Detran", disse Leal. Carros produzidos até aquele ano não precisam do pré-cadastro.
Além disso, técnicos do Detran-RJ relatam ter feito teste incluindo veículos inexistentes no Renavan, com chassis e dados fictícios. "Estamos trabalhando com um sistema operacional falho na base nacional de veículos", disse Leal.
"Informações extra-oficiais indicam que o mesmo está acontecendo em São Paulo, Goiás e Paraná", acrescentou o diretor de registro de veículos do Detran-RJ, Marcos Chut. Ele calcula que 10% da frota de carros importados que circulam no país esteja irregular.


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