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TRÂNSITO
Falha em registro nacional permitiria emplacamento
Esquema de roubo de carros leva a afastamento de sete do Detran-RJ
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio de Janeiro afastou ontem sete funcionários da regional de Nova Friburgo
(área serrana) suspeitos de participação num esquema que envolve roubo de carros na Argentina,
no Paraguai e no Uruguai e emplacamento no Brasil. Se for comprovada a culpa dos funcionários,
eles poderão responder a processos administrativo e criminal.
Segundo Hugo Leal, presidente
do Detran-RJ, a descoberta foi feita após fiscalização indicar que 20
carros foram irregularmente cadastrados no Renavam (Registro
Nacional de Veículos Automotores) em 2002. Os nomes dos acusados não foram divulgados.
Segundo Leal, o esquema detectado em Nova Friburgo teria se
aproveitado de supostas falhas no
Renavam, que estariam facilitando o cadastro de veículos roubados também em Miami, nos Estados Unidos, e vendidos no Peru e
no Paraguai por aproximadamente US$ 15 mil. Esses veículos
seriam emplacados no Brasil após
entrarem no país pelo Acre.
O presidente do Detran-RJ disse
ter informado as falhas ao Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran). Procurado, o Denatran não respondeu à Folha até o
fechamento desta edição.
Todos os carros produzidos no
Brasil após 1993 devem ter um
pré-cadastramento. Ou seja, as
montadoras fazem uma espécie
de "certidão de nascimento" dos
veículos fabricados e informam
ao Denatran as características, como modelo, cor, chassi e ano.
Quando o veículo é emplacado
pelo dono, o Renavam checa se os
dados já constam do sistema.
"Alguns veículos de 2000, por
exemplo, eram emplacados como
se tivessem sido fabricados em
1993, com a participação de funcionários do Detran", disse Leal.
Carros produzidos até aquele ano
não precisam do pré-cadastro.
Além disso, técnicos do Detran-RJ relatam ter feito teste incluindo
veículos inexistentes no Renavan,
com chassis e dados fictícios. "Estamos trabalhando com um sistema operacional falho na base nacional de veículos", disse Leal.
"Informações extra-oficiais indicam que o mesmo está acontecendo em São Paulo, Goiás e Paraná", acrescentou o diretor de registro de veículos do Detran-RJ,
Marcos Chut. Ele calcula que 10%
da frota de carros importados que
circulam no país esteja irregular.
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