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33% das mulheres afirmam ter feito sexo aos 15 anos
Pesquisa feita pelo Cebrap, financiada pelo Ministério da Saúde, mostra ainda que elas têm filhos cada vez mais novas
Em 96, índice das jovens que disseram ter tido a primeira relação sexual aos 15 anos era de 11,5%; número de cesáreas também cresceu
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
As brasileiras estão fazendo
sexo e tendo filhos cada vez
mais novas, mostra a recém-divulgada Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde da Criança
e da Mulher, feita pelo Cebrap
(Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento) com financiamento do Ministério da Saúde.
No grupo de 15 a 19 anos,
32,6% disseram em 2006 ter tido a primeira relação sexual
aos 15. Em 1996, na edição anterior da pesquisa, o índice era
de 11,5%. Por tabela, o percentual de meninas nessa faixa etária que se declararam virgens
caiu -de 67,2% para 44,8%.
A pesquisa foi feita no Brasil
inteiro. Obtidos por entrevista
de novembro de 2006 a maio de
2007, os dados são sobre cerca
de 15,5 mil mulheres em idade
fértil (de 15 a 49 anos) e 5.000
crianças de até cinco anos.
As conseqüências desse início precoce da vida sexual se refletem nos números de gravidez. A idade mediana da mulher na época do nascimento do
primeiro filho caiu, nesses dez
anos, de 22,4 anos para 21.
O índice de meninas de 15
anos com filho subiu de 3% para 5,8% entre 1996 e 2006.
O acesso a métodos de prevenção da gravidez também
cresceu, mas não chegou a provocar impacto no número de filhos não planejados. Dos bebês
nascidos entre 2001 e 2006,
18% foram indesejados e 28%
estavam nos planos das mulheres só para mais tarde.
"Isso nos leva a pensar em falhas de métodos [de anticoncepção], uso intermitente de
métodos ou eventual descontinuidade na distribuição gratuita de métodos", afirma a demógrafa Elza Berquó, coordenadora da pesquisa.
A idade para o nascimento do
primeiro filho varia de acordo
com o grau de instrução da mulher. Aquelas com até três anos
de estudo têm o primeiro filho,
em média, aos 19. Para as que
estudaram 12 anos ou mais, a
média sobe para 26 anos.
Na avaliação do ginecologista
Marco Aurélio Galletta, do
Hospital das Clínicas de São
Paulo, o que falta é uma estratégia focada na educação das
adolescentes. "Temos um cuidado muito bom com as crianças. A mortalidade infantil no
Brasil já é de país desenvolvido.
E estamos melhorando agora a
saúde da mulher e do adulto.
Mas fica um buraco na saúde do
adolescente. A escola não dá
conta de dar a orientação; e o
jovem, que quer ser independente e acha que sabe tudo, fica
à mercê da própria sorte."
Para Albertina Duarte Takiuti, responsável pela Saúde do
Adolescente na Secretaria Estadual da Saúde, os adolescentes têm informação sobre gravidez e métodos contraceptivos. "Mas o menino não usa a
camisinha porque fica com medo de falhar. A menina não pede a camisinha porque fica com
medo de não agradar ao namorado. O que precisamos fazer é
dar segurança a esses jovens,
para que possam conversar
com seus parceiros."
Foi justamente essa insegurança que acometeu Josinéia
de Oliveira Pereira, 19. Em Porto Velho, ficou grávida por não
ter usado camisinha. "Era apaixonada pelo meu noivo. Fiquei
com medo de pedir para ele parar porque não tinha preservativo", conta ela, que teve sua
primeira relação sexual aos 14.
Quando soube da gravidez, o
noivo a abandonou. A mãe dela
morreu em seguida. E ela decidiu morar em São Paulo com a
prima Lúcia de Oliveira Lima.
Chegando à rodoviária, foi assaltada. Os contatos da prima
foram levados. Só sabe que ela
mora "perto do Ipiranga".
Josinéia acabou tendo o filho
no Amparo Maternal, uma maternidade filantrópica. Carlos
Eduardo acaba de completar
dois meses. "Eu não queria ter
filho. Fiquei muito assustada
com a gravidez. Agora é diferente. Vivo por ele", conta ela,
que ainda procura a prima.
Cesáreas e peso
A pesquisa mostrou ainda
um aumento no número de cesáreas, de 36,4% dos partos em
1996 para 43,6% em 2006. Para
o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, essa realidade
é "preocupante". Esse é um dos
únicos indicadores negativos
mais presente nas mulheres
com maior escolaridade, no Sudeste e na rede privada.
Quase metade das mulheres
brasileiras em idade fértil tem
algum problema de peso. Em
2006, 43% tinham excesso de
peso, caracterizado por IMC
(índice de massa corporal)
maior do que 25 kg por m2 para
mulheres de 18 a 49 anos -para idades entre 15 e 17 anos, os
parâmetros são variáveis.
Já a obesidade atingia 16%
-estão nessa classificação as
adultas com IMC maior do que
30 kg por m2.
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