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FEDERAIS
Segundo alunos e professores, reposição de aulas compromete o ensino; MEC ameça intervir em universidades
Grupo defende suspensão do semestre
da Agência Folha e das Sucursais
Embora algumas universidades
federais já estejam optando pela
volta às aulas, a normalização das
atividades está ameaçada porque
grupos de professores e alunos estão defendendo a suspensão do semestre letivo.
O movimento grevista, iniciado
em 31 de março, começou a se esvaziar porque o Congresso Nacional aprovou e o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou um projeto que garante gratificações aos professores.
Pelo menos oito instituições votarão, na semana que vem, se suspendem a greve (veja quadro).
Ontem, 406 estudantes da Universidade Federal do Ceará se posicionaram a favor da suspensão
alegando que a reposição comprometeria a qualidade de ensino. Eles
ameaçam entrar em greve se a reposição for aprovada.
Na federal de Santa Catarina, os
professores estão divididos -um
grupo também defende a suspensão do semestre e o outro a reposição dos dias parados. Em pelo menos outras cinco instituições, a
suspensão também está sendo por
discutida (leia texto abaixo).
O MEC (Ministério da Educação) ameaça intervir nas universidades que optarem pela suspensão
do semestre.
Para o ministério, é uma obrigação social da universidade repor as
aulas que não foram dadas durante a greve, pois os alunos têm direito a elas.
Uma intervenção seria ilegal
porque, pela legislação em vigor,
as universidades têm autonomia
para decidir se preferem repor os
dias parados ou suspender o semestre letivo.
"A declaração do ministério não
faz o menor sentido. Os reitores,
que são responsáveis pela decisão
final, já se posicionaram a favor da
reposição e o MEC já foi informado disso", diz Artur Obino, assessor da Andifes, associação que representa os dirigentes das instituições de ensino federais.
O processo de decisão sobre a reposição das aulas ou suspensão do
semestre passa por várias etapas.
Normalmente, os alunos e professores tiram uma posição em assembléias e a encaminham ao
Conselho Universitário.
O conselho é uma instância que
centraliza as decisões a respeito da
vida acadêmica. Com base nas posições, o conselho tira um indicativo que é enviado ao reitor. O reitor
tem poder para contrariar uma
posição adotada pelo Conselho
Universitário, segundo o assessor
da Andifes.
A direção da Andes, sindicato
que representa os professores, e o
comando de greve defendem a reposição. O presidente da entidade,
Renato de Oliveira, admite que a
greve implica atrasos no calendário escolar, mas ainda assim é a favor da reposição. "Não há nada
que justifique, do ponto de vista
ético e moral, a suspensão definitiva", diz Oliveira.
Na prática o atraso significa terminar o ano letivo de 98 em 99, como vai ocorrer com a Universidade Federal de São Carlos, que aderiu à greve em 14 de abril e montou
e prevê a reposição até 22 de fevereiro de 99.
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