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MASSACRE EM FRANCISCO MORATO
Três PMs e um policial civil são citados em depoimento
Testemunha liga quatro
policiais à megachacina
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Pelos menos quatro policiais
-três militares e um civil- teriam algum tipo de ligação com a
megachacina que deixou 12 pessoas mortas na madrugada do último dia 17 em Francisco Morato
(Grande São Paulo). A informação
consta no depoimento que uma
das principais testemunhas do
massacre prestou anteontem à
noite, por mais de três horas, na
Corregedoria da Polícia Militar.
A pedido da corregedoria, o nome dos policiais não serão revelados, por enquanto, para não atrapalhar as investigações. Os PMs já
estão presos. Eles trabalhavam em
batalhões distintos -dois em São
Paulo e um em Franco da Rocha.
O policial civil trabalha em Francisco Morato.
Uma quinta pessoa, Roberto
Francisco da Silva, também foi citado como um dos três autores
dos disparos. A testemunha -o
nome não foi revelado por questões de segurança- afirmou ter
reconhecido, "sem sombra de dúvida", a voz de Silva antes de a
matança começar. "Era isso que
você queria? Senta a madeira em
todos, em tudo", teria gritado o
suspeito ao entrar no bar Ponto de
Encontro, onde ocorreu o massacre, antes de efetuar os disparos.
O "recado", provavelmente, teria sido dado para o irmão de Silva, Rubens Francisco da Silva e
Renato de Assis Girão, ambos
mortos na chacina. Roberto, Rubens e Girão eram traficantes conhecidos na região. A quadrilha
deles teria rachado.
Roberto está na carceragem da
Delegacia de Homicídios de Guarulhos. Ele foi preso no dia da chacina por policiais do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos).
A testemunha, que em um primeiro momento havia concordado em sair do Estado, voltou atrás,
se recusou a receber proteção policial e afirmou que voltaria para
Francisco Morato, onde disse que
se sentiria mais protegida.
Em seu depoimento, ela revela
detalhes dos motivos que teriam
levados os três atiradores, provavelmente matadores de aluguel, a
praticar o crime. A testemunha
afirma também que só não morreu por sorte (leia texto abaixo).
Desde anteontem, as investigações a respeito da chacina estão
centralizadas no DHPP (Delegacia
de Homicídios e Proteção à Pessoa). Até então, o caso estava com
a delegacia de Francisco Morato.
A decisão de remeter o caso para
São Paulo partiu do juiz Homero
Maion, a pedido do promotor
Adalberto Denser de Sá Júnior.
O promotor baseou o seu pedido
em reportagem da Folha publicada anteontem na qual revelava que
três investigadores de Francisco
Morato haviam sido transferidos
após suspeitas de que eles teriam
facilitado o desaparecimento de
Sandroval Marques, um dos três
sobreviventes da chacina e outra
testemunha-chave do caso.
A testemunha ouvida pela corregedoria citou o nome de dois dos
três investigadores afastados em
seu depoimento. Ela revelou também um outro nome. Esses policiais civis, segundo a testemunha e
a própria delegacia de Francisco
Morato, receberiam propinas de
traficantes da cidade, entre eles
Rubens e Girão.
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