São Paulo, sábado, 4 de julho de 1998

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"Sai de Morato, você vai morrer'

da Reportagem Local

"E aí fulano, ainda não morreu? Sai fora de Morato. Dá um tempo porque, se você ficar aqui até sexta-feira (ontem), você vai morrer", disse, na última segunda-feira, um dos policiais suspeitos de ter ligação com a chacina para a testemunha ouvida anteontem pela Corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a testemunha, dias antes da chacina, Roberto Francisco da Silva, pressionado por policiais civis, planejou um roubo em uma casa na cidade vizinha de Caieiras. Renato de Assis Girão e outras pessoas participariam do crime, que acabou não ocorrendo porque a quadrilha acabou discutindo.
No último dia 14, um dos assaltantes, Paulo Roberto de Oliveira, foi tirar satisfação com Girão. Os dois discutiram e Girão matou Oliveira, com ajuda de Sandroval Marques. Um PM e Roberto procuraram Girão na tarde do último dia 16 e o levaram até a casa do pai de Oliveira. Girão, achando a atitude estranha, chegou a afirmar que estaria sendo observado.
Segundo a testemunha, Roberto voltou ao bar Ponto de Encontro quatro horas depois, atrás de cocaína. Em um primeiro momento, a droga foi negada. "Roberto ficou descontrolado e falou que mataria Renato (Girão, que tomava conta do bar) caso ele não saísse dali, e que iria quebra tudo e sentar o dedo (atirar) em todos que estivessem naquele local." De acordo com o depoimento, Roberto ainda teria afirmado que colocaria quatro pessoas na caçamba de sua Saveiro, voltaria ao bar e mataria todas as pessoas.
Depois disso, Girão teria saído com Roberto atrás de cocaína. Por volta da 1h30 do último dia 17, três pessoas estranhas entraram o bar e saíram, sem pedir nada. Em seguida, vários carros de polícia teriam passado em frente ao local.
Com medo, o comerciante havia decidido fechar o bar. Antes disso, três encapuzados entraram no local atirando. A testemunha, que estava na lateral do bar, chegou a ver parte da execução por uma janela, obstruída em seguida pela impacto do corpo de uma pessoa que acabara de ser baleada. (CA)



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