São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Família de vítima no Complexo do Alemão irá processar o Estado

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A família do estudante Vitor de Souza Euzébio vai processar o governo do Estado pela morte do rapaz durante a ocupação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, iniciada em maio. Os parentes irão pedir R$ 38 mil em indenização.
O estudante foi morto aos 21 anos no dia 6 de maio. Segundo a família, Euzébio subiu na laje da casa para ver o buraco provocado por um disparo na caixa d'água quando foi atingido na nuca por um disparo de fuzil. Morto na hora, o próprio tio do rapaz teve que carregar o corpo até a parte de baixo da favela para que ele fosse levado ao hospital Getúlio Vargas.
O advogado da família, Luiz Henrique Santos da Silva, reuniu documentos para comprovar que Euzébio não fazia parte do tráfico. Entre eles, matrícula e freqüência escolar no Colégio Estadual Gomes Freire de Andrade, na Penha (zona norte).
"A morte do Vitor até hoje está muito obscura. (...) Queremos saber por que a polícia atirou", disse Silva.
Ele afirmou que pedirá na ação cem salários mínimos (R$ 38 mil) como indenização para a família, mas caberá ao juiz estipular o valor da reparação.
"As pessoas têm o direito de entrar na Justiça para reclamar suas demandas. Mas o fato de entrar na Justiça não quer dizer que tem razão. Será a Justiça que decidirá", disse a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Rio.
O caso de Vitor foi registrado na 22ª Delegacia de Polícia (Penha). O mesmo boletim de ocorrência lista ainda 12 feridos por causa do confronto entre policiais e bandidos.
Algumas das pessoas baleadas estavam a caminho de um churrasco, outras no quarto ou indo deixar o lixo na rua. Naquele domingo, a polícia apreendeu 150 kg de maconha, um carregamento de cocaína e não fez nenhuma prisão.
"Queremos que o inquérito seja desmembrado para que haja uma apuração só sobre o caso do Vitor", afirmou o advogado da família. O inquérito está em poder do Ministério Público, de acordo com o titular da 32ª DP, Alcides Iantorno.

Paternidade
Se não tivesse sido morto em maio, Euzébio iria saber que seria pai no mês seguinte a sua morte, quando a namorada dele fez a primeira consulta pré-natal. Filho de um cabo do Corpo de Bombeiros, ele cursava o 2º ano do ensino médio.
A ação no Complexo do Alemão, iniciada no dia 1º de maio, tem como objetivo asfixiar o tráfico na região.
Uma megaoperação foi realizada no mês passado em que a polícia matou 19 pessoas. Representantes de organizações de direitos humanos afirmaram ter ocorrido mortes sem direito de defesa do opositor durante a ação. O governo nega.


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