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Família de vítima no Complexo do Alemão irá processar o Estado
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A família do estudante Vitor
de Souza Euzébio vai processar
o governo do Estado pela morte
do rapaz durante a ocupação no
Complexo do Alemão, na zona
norte do Rio, iniciada em maio.
Os parentes irão pedir R$ 38
mil em indenização.
O estudante foi morto aos 21
anos no dia 6 de maio. Segundo
a família, Euzébio subiu na laje
da casa para ver o buraco provocado por um disparo na caixa
d'água quando foi atingido na
nuca por um disparo de fuzil.
Morto na hora, o próprio tio do
rapaz teve que carregar o corpo
até a parte de baixo da favela
para que ele fosse levado ao
hospital Getúlio Vargas.
O advogado da família, Luiz
Henrique Santos da Silva, reuniu documentos para comprovar que Euzébio não fazia parte
do tráfico. Entre eles, matrícula
e freqüência escolar no Colégio
Estadual Gomes Freire de Andrade, na Penha (zona norte).
"A morte do Vitor até hoje está muito obscura. (...) Queremos saber por que a polícia atirou", disse Silva.
Ele afirmou que pedirá na
ação cem salários mínimos (R$
38 mil) como indenização para
a família, mas caberá ao juiz estipular o valor da reparação.
"As pessoas têm o direito de
entrar na Justiça para reclamar
suas demandas. Mas o fato de
entrar na Justiça não quer dizer que tem razão. Será a Justiça que decidirá", disse a assessoria de imprensa da Secretaria
de Segurança Pública do Rio.
O caso de Vitor foi registrado
na 22ª Delegacia de Polícia (Penha). O mesmo boletim de
ocorrência lista ainda 12 feridos por causa do confronto entre policiais e bandidos.
Algumas das pessoas baleadas estavam a caminho de um
churrasco, outras no quarto ou
indo deixar o lixo na rua. Naquele domingo, a polícia
apreendeu 150 kg de maconha,
um carregamento de cocaína e
não fez nenhuma prisão.
"Queremos que o inquérito
seja desmembrado para que
haja uma apuração só sobre o
caso do Vitor", afirmou o advogado da família. O inquérito está em poder do Ministério Público, de acordo com o titular
da 32ª DP, Alcides Iantorno.
Paternidade
Se não tivesse sido morto em
maio, Euzébio iria saber que seria pai no mês seguinte a sua
morte, quando a namorada dele fez a primeira consulta pré-natal. Filho de um cabo do Corpo de Bombeiros, ele cursava o
2º ano do ensino médio.
A ação no Complexo do Alemão, iniciada no dia 1º de maio,
tem como objetivo asfixiar o
tráfico na região.
Uma megaoperação foi realizada no mês passado em que a
polícia matou 19 pessoas. Representantes de organizações
de direitos humanos afirmaram ter ocorrido mortes sem
direito de defesa do opositor
durante a ação. O governo nega.
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