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PATRIMÔNIO ABANDONADO
Nem a prefeitura sabe explicar como equipamento enferrujado foi parar no local
"Catraca invisível" ocupa lugar de estátua no Arouche
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Sem que ninguém saiba como
-e muito menos o por quê-
uma catraca enferrujada foi colocada em cima de um pedestal no
largo do Arouche (centro de SP),
local antes ocupado pelo busto do
escritor Guilherme de Almeida
(1890-1969). É o "monumento à
catraca invisível", informa uma
placa preta com moldura e letras
douradas, colocada abaixo do objeto, onde ainda se lê: "Programa
para a descatracalização da vida.
Julho de 2004".
A estátua fica bem em frente à
Academia Paulista de Letras, ao
lado da escultura "Depois do Banho", de Victor Brecheret, e de
mais quatro pedestais, um deles
também sem o busto de bronze.
Mas nem mesmo a Prefeitura de
São Paulo consegue explicar o que
aconteceu. Valéria Valeri, coordenadora da comissão de esculturas
do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), órgão da prefeitura, disse que a "presença" da
catraca foi constatada em vistoria
feita na semana passada e que sua
retirada já está sendo providenciada. Ela não informou, porém,
quando isso será feito.
Segundo comerciantes e freqüentadores da região, a catraca
apareceu há cerca de dois meses,
mas o busto foi furtado há anos.
Policiais que trabalham em uma
base comunitária móvel da Polícia Militar, do lado oposto da praça, também desconhecem o caso.
"Ridículo é pouco para classificar isso que inventaram de colocar aqui. É coisa de quem não tem
o que fazer", acredita Sérgio Lopes, 35, comerciante do mercado
de flores do Arouche.
O aposentado Vital Antônio, 55,
passa grande parte do dia na praça e achou o novo monumento
"sem sentido". "É uma palhaçada.
Poderiam ter colocado outro busto no lugar", diz.
Segundo Valéria Valeri, há dificuldades para substituir o material furtado quando se trata de um
artista que já morreu e que não
deixou moldes, como no caso de
Luis Morrone, autor da obra.
A estátua de Guilherme de Almeida, diz ela, não será substituída. "O que a gente faz é um boletim de ocorrência. Podemos
eventualmente achar a cabeça,
mais isso é muito raro", diz.
De acordo com a coordenadora,
é a primeira vez que vê um objeto
desse tipo em cima de um pedestal, mas que é comum o furto de
estátuas e principalmente de placas de bronze.
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