São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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SAÚDE PÚBLICA

Produto teria elemento cancerígeno acima de padrão permitido, que poderia migrar para alimentos gordurosos

Filme de PVC Majipack tem venda proibida

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REDAÇÃO

A venda do filme de PVC Majipack, da empresa Inproco, usado para embalar alimentos, foi proibida após laudo da Fiocruz apontar a presença de um elemento cancerígeno acima dos padrões considerados seguros. Existem outras marcas de filmes plásticos que foram testadas e aprovadas.
Em contato direto, o composto pode migrar para alimentos gordurosos, segundo a OMS, órgão das Nações Unidas para a saúde.
O comunicado do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) que proíbe a venda do filme determina ainda o recolhimento e a inutilização de todas unidades do Majipack distribuídas pela empresa no Estado desde quarta-feira. Segundo o CVS, essa foi a primeira marca de filmes de PVC vetada após a análise de qualidade.
O laudo do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde informa que o Majipack tem em sua composição mais de 3% de DI (2 etilhexil) ftalato, limite fixado pela resolução 105 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O CVS não informou ontem qual é o percentual de aditivo no produto.
Procurada, a Inproco, empresa de Campinas (SP), informou que suspendeu a venda e já começou a recolher o produto, mas pretende apresentar provas de que o filme cumpre as normas da Anvisa.
A Inproco argumentou ainda que somente rebobina o filme, fabricado pela Goodyear.
Segundo nota divulgada em maio pela Anvisa, a ARC (International Agency for Research on Cancer), órgão ligado à OMS, informa que ainda não há classificação oficial sobre o risco do consumo do aditivo por seres humanos.
A cautela com esses aditivos, usados para tornar o plástico maleável -são usados inclusive em brinquedos-, deve-se, segundo a Anvisa, à compatibilidade molecular entre eles e alimentos com alto teor de gordura, como queijos e carnes. Devido à essa semelhança, moléculas dos aditivos poderiam passar do plástico para a comida.
Em maio, em razão de laudos da Fiocruz, a agência nacional determinou a realização de inspeções nas fábricas de filme plástico para verificar se estava sendo respeitado o limite de 3% dos aditivos.
A gerência de alimentos da agência também pretende realizar, até dezembro, uma série de reuniões para definir nova padronização para o uso do filme. Também será pesquisado se há outros aditivos prejudiciais à saúde.


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