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Policiais são suspeitos de atacar delegado
Nova frente vai apurar possibilidade de atentado ter sido cometido por membros da polícia investigados por Alexandre Neto
Delegado investigava, havia um ano, irregularidades existentes no IML e na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde
DA SUCURSAL DO RIO
Baleado anteontem em Copacabana, no Rio (zona sul), o
delegado Alexandre Neto vinha
apurando irregularidades em
pelo menos duas unidades da
Polícia Civil. Essa é a nova linha
de investigação da Delegacia de
Homicídios, encarregada de
descobrir os autores do ataque
ao policial, delegado-adjunto
da Divisão Anti-Seqüestro e tido como autor de um dossiê
apócrifo que relacionava o deputado estadual Álvaro Lins
(PMDB), ex-chefe da corporação, a esquemas criminosos.
O delegado foi atacado em
frente ao prédio onde mora. Estava em um carro da Polícia Civil, sem logotipo. Embora seu
corpo apresente nove ferimentos, Neto deve ter recebido no
máximo cinco tiros, de acordo
com médicos do hospital Quinta D'Or, onde está internado. As
balas teriam se fragmentado ou
atingido o policial duas vezes. A
maior parte dos ferimentos está no lado direito do corpo, especialmente no braço e na mão.
Mesmo lotado na unidade especializada no combate a seqüestros, Neto vinha, já havia
um ano, apurando irregularidades no IML (Instituto Médico
Legal) e na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a
Saúde, unidades da Polícia Civil. A corporação não comentou
a nova investigação da Delegacia de Homicídios. Entre as irregularidades estariam desvio
de dinheiro, fraudes em contratos e extorsões.
Apesar de não correr risco de
morte, Neto pode perder alguns dedos e o movimento da
mão direita. Ainda no domingo,
foi submetido a uma cirurgia
que durou seis horas. Hoje, ele
deverá ser novamente operado.
O serviço Disque-Denúncia
anunciou o pagamento de recompensa de R$ 2.000 para
quem auxiliar a polícia a identificar os autores do ataque ao
delegado. Seriam dois ou três
homens, que chegaram ao local
em um carro escuro. Presidente do inquérito, o delegado Roberto Cardoso, da Delegacia de
Homicídios, já tem as gravações de câmeras externas de
dois prédios da rua Constante
Ramos. São imagens do trecho
da rua onde Neto foi baleado.
Para os investigadores, existe
a suspeita de que os criminosos
seriam policiais militares. Foi
empregada uma pistola calibre
380, usada na PM. Além disso, a
atuação dos criminosos se assemelha a episódios em que ocorreram assassinatos praticados
por PMs. No ano passado, Neto
foi preso por policiais militares
com quem se desentendera em
Copacabana por questões relacionadas ao trânsito.
O delegado disse que todas as
possibilidades serão investigadas, entre elas a de vingança do
grupo de policiais civis chamados de "os inhos", presos pela
PF (Polícia Federal) sob a acusação de envolvimento com bicheiros. Esse grupo seria comandado por Álvaro Lins, que
nega envolvimento no crime
contra Neto e pede apuração
por parte da polícia. A PF teria
aberto a investigação ao receber o dossiê creditado a Neto.
Anteontem, mais um delegado foi baleado no Rio: Márcio
Cunha, da PF, também está internado no Quinta D'Or. Ele levou um tiro no tórax, na Tijuca
(zona norte). A suspeita é que
tenha reagido a assaltantes.
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