São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011

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Moradores morrem antes de ver reforma

Problema é burocracia para liberar reformas e verbas de casas destruídas por cheias em São Luiz do Paraitinga

Todos os processos de reconstrução, restauro, intervenção e reforma foram aprovados, segundo Condephaat

VANESSA CORREA
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUIZ DO PARAITINGA

Um ano e meio depois da cheia que arruinou cerca de cem construções históricas em São Luiz do Paraitinga (SP), diversos imóveis seguem interditados, à espera de aprovações para reforma.
A maior parte dos donos do casario antigo destruído são idosos. Muitos deles aguardam angustiados o retorno para casa. Mas ao menos 14 morreram à espera do trâmite burocrático que envolve a liberação de reforma de imóveis tombados. Outros, com renda familiar menor que dez salários mínimos, aguardam liberação de verbas.
Agentes de saúde acreditam que a depressão aumentou o número de mortes entre essa população, especialmente no centro histórico destruído pelas cheias.

MORRERAM ANTES
A reportagem pediu a Margarida de Fátima Miguel, assistente social que trabalha no centro, que lembrasse de idosos que perderam a casa e morreram depois disso.
"Teve a tia Rute, a dona Irene, dona Araci, o marido dela, o seu João, dona Maria do Colombano. Pareceu uma enchente de morte."
Fora da pracinha principal, nas ruas próximas, mais nomes são lembrados com a ajuda de outras assistentes: seu Ademar, dona Rute, dona Etelvina, dona Cenira, seu Sebastião, Monsenhor Tarciso. Fora o seu Mané, seu Flor e o Aníbal, que moravam no asilo. A edificação só foi reconstruída neste ano.
Teresinha Figueira, irmã do seu João diz que ele só falava em voltar pra casa. "Passou 59 anos naquela janela. Depois que tivemos que sair do centro vivia tristonho."
Seu Luiz de Tolosa Gouveia, 76, já está recuperado do infarto que teve depois da enchente de 2010. Agora, ele diz que espera poder voltar logo para casa e aguarda a aprovação do patrimônio histórico e de uma verba pública para conseguir reformá-la.
Segundo o Condephaat, orgão Estadual do patrimônio histórico, desde 2010 foram protocolados 85 processos referentes a São Luiz do Paraitinga, entre projetos de reconstrução, intervenção, restauro e reforma. Em 15 de agosto o órgão diz ter aprovado os últimos nove processos. O órgão diz ter elaborado 51 projetos aos moradores.
O Estado pagará as reformas de imóveis históricos para moradores com renda de até 10 salários mínimos. Na primeira etapa, atenderá 50% das casas cadastradas, com verba de R$ 1,3 milhão. A reconstrução da Igreja Matriz vai custar R$ 13,1 milhões.


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