São Paulo, Sábado, 04 de Setembro de 1999
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'Eles se eliminam entre si'

da Sucursal de Brasília

Há seis meses como coordenador do Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de Taguatinga, José Luís Irineu, 42, disse que está convencido de que os moradores de rua vivem em constante processo de auto-eliminação.
"Eles se eliminam entre si", afirmou ele. "Os meninos de rua não chegam aos 21 anos de idade porque acabam mortos por disputas entre eles, quando não são encaminhados para a penitenciária."
Segundo Irineu, há um mês um "cidadão de rua", conhecido por Marcelo Bocão, teve seu barraco incendiado na periferia de Taguatinga por antigos moradores de rua em razão de acerto de dívidas.
A 25 quilômetros da capital do país, diariamente são atendidos em Taguatinga cinco meninos de rua pelo conselho. Eles são levados para centros de recepção do governo do Distrito Federal, que tentam localizar suas famílias. Em geral, eles fogem.
M.R.N, 16, que viu R.A.F. ser incendiado, disse que há oito anos seu irmão mais velho, que o trouxe de Buritis (MG) para Brasília, foi morto por outros meninos de rua.
M.R.N. contou à Folha que não tentou ajudar R.A.F. quando viu que ele estava em chamas.
"Ele me pediu que eu chamasse os bombeiros. Aí eu disse: "Te vira"."
Sua indiferença foi justificada porque R.A.F. teria lhe negado alguns pedidos, como sobra de comida e cola de sapateiro. (AG)


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