São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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População quer, mas ainda não recicla

DA REPORTAGEM LOCAL

Já existe, entre as mais diversas classes sociais, vontade de fazer a separação do lixo e de entregá-lo para a reciclagem. Para que a consciência se transforme em prática, porém, ainda é preciso percorrer um longo caminho.
A conclusão se aplica ao caso do projeto Reciclagem na Feira, implantado pela Prefeitura de São Paulo, mas também reflete o posicionamento de mil pessoas ouvidas pela empresa multinacional de pesquisas Research International nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
O estudo mostrou que 94,7% dos entrevistados já ouviram falar em reciclagem, que eles conseguem identificar os produtos passíveis de reaproveitamento (com exceção dos resíduos orgânicos) e que 47% são simpáticos ou estão dispostos a separar o lixo.
Só 27,1%, entretanto, já fazem efetivamente a separação, mesmo percentual dos que disseram não se preocupar com o assunto ou não souberam responder.
A situação melhora conforme o entrevistado sobe na escala socioeconômica ou educacional, e os gaúchos são os líderes na prática: 58% disseram participar de coleta seletiva. São Paulo, o segundo colocado, tem só 24,5% dos entrevistados envolvidos -0,5 ponto percentual a menos que os 25% considerados por especialistas o mínimo para que um programa realmente funcione.
"Os dados não surpreendem e reforçam, como já prevíamos pelas experiências práticas, a existência de uma demanda reprimida por programas de coleta seletiva", afirma Elisabeth Grimberg, coordenadora de ambiente urbano do Instituto Pólis e coordenadora-geral do Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo.
O que falta para sair da adesão para a ação? "Políticas públicas apoiadas em campanhas que mostrem, além das vantagens ambientais da reciclagem, os ganhos sociais que a coleta seletiva pode trazer", sustenta ela.
Segundo Elisabeth, a palavra-chave é informação. "Programas desenvolvidos pelo poder público ou por ONGs não funcionam sem um trabalho forte de educação tampouco sem que seja oferecida boa infra-estrutura para recebimento dos recicláveis." (MV)


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