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População quer, mas ainda não recicla
DA REPORTAGEM LOCAL
Já existe, entre as mais diversas
classes sociais, vontade de fazer a
separação do lixo e de entregá-lo
para a reciclagem. Para que a
consciência se transforme em
prática, porém, ainda é preciso
percorrer um longo caminho.
A conclusão se aplica ao caso do
projeto Reciclagem na Feira, implantado pela Prefeitura de São
Paulo, mas também reflete o posicionamento de mil pessoas ouvidas pela empresa multinacional
de pesquisas Research International nos Estados de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
O estudo mostrou que 94,7%
dos entrevistados já ouviram falar
em reciclagem, que eles conseguem identificar os produtos passíveis de reaproveitamento (com
exceção dos resíduos orgânicos) e
que 47% são simpáticos ou estão
dispostos a separar o lixo.
Só 27,1%, entretanto, já fazem
efetivamente a separação, mesmo
percentual dos que disseram não
se preocupar com o assunto ou
não souberam responder.
A situação melhora conforme o
entrevistado sobe na escala socioeconômica ou educacional, e
os gaúchos são os líderes na prática: 58% disseram participar de
coleta seletiva. São Paulo, o segundo colocado, tem só 24,5%
dos entrevistados envolvidos
-0,5 ponto percentual a menos
que os 25% considerados por especialistas o mínimo para que um
programa realmente funcione.
"Os dados não surpreendem e
reforçam, como já prevíamos pelas experiências práticas, a existência de uma demanda reprimida por programas de coleta seletiva", afirma Elisabeth Grimberg,
coordenadora de ambiente urbano do Instituto Pólis e coordenadora-geral do Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo.
O que falta para sair da adesão
para a ação? "Políticas públicas
apoiadas em campanhas que
mostrem, além das vantagens
ambientais da reciclagem, os ganhos sociais que a coleta seletiva
pode trazer", sustenta ela.
Segundo Elisabeth, a palavra-chave é informação. "Programas
desenvolvidos pelo poder público
ou por ONGs não funcionam sem
um trabalho forte de educação
tampouco sem que seja oferecida
boa infra-estrutura para recebimento dos recicláveis."
(MV)
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