São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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VIOLÊNCIA

Karina Asdnt era uma das peças-chaves de esquema internacional de tráfico que envolve policial de São Paulo

Testemunha sob proteção é achada morta

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia do Rio de Janeiro e o Ministério Público Federal investigam a morte de uma testemunha que estava no programa nacional de proteção. Karina Mousquer Asdnt, 26, era uma das peças-chaves de um esquema internacional de tráfico de drogas que envolvia um policial do setor de narcóticos de São Paulo.
Karina apareceu morta em um hotel, na segunda-feira, em Teresópolis (RJ), um dos abrigos por onde passou seguindo orientações do programa de proteção.
Ela testemunhou contra o policial do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) de São Paulo Francisco Marcondes Romeiro Neto, preso em maio, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. No último dia 23, o investigador escapou de forma misteriosa da cadeia da Polinter (Polícia Interestadual), sete dias antes da morte de Karina.
Karina foi achada no banheiro do hotel, pendurada pelo pescoço por uma toalha. Apesar de indícios de suicídio, a polícia de Teresópolis também investiga a possibilidade de assassinato. "Não descartamos a hipótese de a cena do suicídio ter sido montada", disse o delegado Luís Antônio Ferreira.
Karina era irmã de Cristine Mousquer Asdnt, 28, namorada de Romeiro e que estava com o policial no aeroporto no momento da prisão. O casal tentava embarcar com 1,39 kg de cocaína para Amsterdã, na Holanda.
Na ocasião, Cristine disse que aceitou levar a droga porque Karina estava sendo ameaçada por policiais em São Paulo.
O Ministério Público Federal pediu abertura de inquérito à Polícia Federal. Cristine deve ser ouvida na investigação.
Segundo as polícias Civil e Federal de São Paulo, Romeiro faz parte de um esquema de tráfico que levava cocaína para a Holanda e trazia ecstasy para o Brasil.
Os laudos do legista e do local do crime serão analisados hoje. "Só depois disso podemos definir melhor se foi homicídio ou suicídio", disse Ferreira.
A Secretaria Nacional de Direitos Humanos, responsável pelo programa de proteção a testemunhas, informou que as duas irmãs estavam em trânsito pelo hotel. Karina, segundo a secretaria, estava em tratamento psiquiátrico quando entrou no programa, tomando remédios. As primeiras informações recebidas pelo Ministério da Justiça falam em suicídio. Em cinco anos de programa, mais de 800 pessoas foram atendidas e nenhuma foi morta, segundo a secretaria. (GILMAR PENTEADO E ALESSANDRO SILVA)

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