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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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ABASTECIMENTO

Volume operacional está em 10,2% e pode chegar a 5%; situação é crítica também no Alto Cotia e no Alto Tietê

Cantareira atinge captação-limite em 17 dias

DA REPORTAGEM LOCAL

Se continuar secando no ritmo atual, o sistema Cantareira chegará ao seu limite de captação de água em 17 dias, quando atingirá 5% da capacidade de reservação.
Acontecendo isso, cerca de 9 milhões de moradores da cidade de São Paulo e região metropolitana (53% da população) deverão entrar em racionamento para evitar o pior: que os reservatórios do sistema sequem e tenham de ser preenchidos a partir do zero -o que significaria enfrentar praticamente dois anos de falta de água.
Ontem o Cantareira operava com 10,2% de sua capacidade -o nível mais baixo em quase 20 anos. Por dia, ele cai, em média, 0,3 ponto percentual. Com volume operacional abaixo de 5%, seria ainda possível, em tese, retirar água do sistema, mas, para voltar a encher, as represas, devido ao seu tamanho, levariam dois anos.
"Poderíamos captar por 40, 45 dias mais, porque temos uma espécie de reserva de tanque de gasolina, mas é claro que não queremos usar essa reserva. Isso seria uma loucura", afirma Amauri Pollachi, gerente de Controle do Abastecimento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
A única coisa que pode livrar a população de cortes no fornecimento de água durante o verão é a chuva. Pollachi sustenta que a Sabesp só vai decidir pelo racionamento se não chover a média histórica do mês de outubro, que é, nos mananciais do Cantareira, de 131,4 mm (1 mm corresponde a 1 litro de água por m2).
O retrospecto, porém, não é bom. Em setembro, choveu menos de 30% da média histórica. E no ano hidrológico que terminou mês passado, o total acumulado ficou um terço abaixo da média.
As previsões dos institutos de meteorologia são de chuvas variando entre a média e ligeiramente abaixo dela no próximo trimestre. Até anteontem, não havia chovido nada no Cantareira.
A crise de água é ainda maior nos sistemas Alto Cotia e Alto Tietê, que estão com 10,1% e 22,4% de sua capacidade e servem 400 mil e 1,8 milhão de pessoas na Grande São Paulo respectivamente. O Cotia, por exemplo, não pode nem atingir 5% do volume operacional porque tem um reservatório pequeno e isolado.
Numa escala de risco de racionamento, ele ocupa o primeiro lugar, afirma Pollachi. A população abastecida pelo Alto Cotia enfrentou racionamento em 2000 e entre meados de 2001 e o início de 2002.
(MARIANA VIVEIROS)


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