|
Próximo Texto | Índice
ABASTECIMENTO
Volume operacional está em 10,2% e pode chegar a 5%; situação é crítica também no Alto Cotia e no Alto Tietê
Cantareira atinge captação-limite em 17 dias
DA REPORTAGEM LOCAL
Se continuar secando no ritmo
atual, o sistema Cantareira chegará ao seu limite de captação de
água em 17 dias, quando atingirá
5% da capacidade de reservação.
Acontecendo isso, cerca de 9
milhões de moradores da cidade
de São Paulo e região metropolitana (53% da população) deverão
entrar em racionamento para evitar o pior: que os reservatórios do
sistema sequem e tenham de ser
preenchidos a partir do zero -o
que significaria enfrentar praticamente dois anos de falta de água.
Ontem o Cantareira operava
com 10,2% de sua capacidade -o
nível mais baixo em quase 20
anos. Por dia, ele cai, em média,
0,3 ponto percentual. Com volume operacional abaixo de 5%, seria ainda possível, em tese, retirar
água do sistema, mas, para voltar
a encher, as represas, devido ao
seu tamanho, levariam dois anos.
"Poderíamos captar por 40, 45
dias mais, porque temos uma espécie de reserva de tanque de gasolina, mas é claro que não queremos usar essa reserva. Isso seria
uma loucura", afirma Amauri Pollachi, gerente de Controle do
Abastecimento da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo).
A única coisa que pode livrar a
população de cortes no fornecimento de água durante o verão é a
chuva. Pollachi sustenta que a Sabesp só vai decidir pelo racionamento se não chover a média histórica do mês de outubro, que é,
nos mananciais do Cantareira, de
131,4 mm (1 mm corresponde a 1
litro de água por m2).
O retrospecto, porém, não é
bom. Em setembro, choveu menos de 30% da média histórica. E
no ano hidrológico que terminou
mês passado, o total acumulado
ficou um terço abaixo da média.
As previsões dos institutos de
meteorologia são de chuvas variando entre a média e ligeiramente abaixo dela no próximo
trimestre. Até anteontem, não havia chovido nada no Cantareira.
A crise de água é ainda maior
nos sistemas Alto Cotia e Alto Tietê, que estão com 10,1% e 22,4%
de sua capacidade e servem 400
mil e 1,8 milhão de pessoas na
Grande São Paulo respectivamente. O Cotia, por exemplo, não pode nem atingir 5% do volume
operacional porque tem um reservatório pequeno e isolado.
Numa escala de risco de racionamento, ele ocupa o primeiro lugar, afirma Pollachi. A população
abastecida pelo Alto Cotia enfrentou racionamento em 2000 e entre
meados de 2001 e o início de 2002.
(MARIANA VIVEIROS)
Próximo Texto: Chuva não elimina risco de racionamento Índice
|