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CRIME ORGANIZADO
Operação que investigou o jogo do bicho consumiu nove meses; relatório vai à Justiça na próxima semana
Polícia do Espírito Santo indicia 97 pessoas
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Após nove meses de trabalho, a
polícia do Espírito Santo concluiu
as investigações sobre a ligação
entre o jogo do bicho e o crime organizado no Estado. Foram indiciadas 97 pessoas e 76 tiveram sugerido o pedido de prisão.
Os indiciamentos são o primeiro passo para que os investigados
pela Operação Águia, como foi
chamada a ação da Polícia Civil,
tenham sua prisão decretada.
A lista de nomes é mantida em
sigilo pela polícia. Na próxima semana, o relatório completo sobre
o caso será encaminhado à Justiça
e ao Ministério Público.
Pessoas que ocuparam cargos
público figuram na lista. Foi pedido que processos de improbidade
administrativa sejam abertos.
As investigações iniciadas há
nove meses já acabaram com as
atividades de 23 bancas de jogo do
bicho em 46 cidades do Estado.
"Focamos as investigações no
jogo do bicho porque é ele que
sustenta a lavagem de dinheiro do
crime organizado. Levantamos
nomes que refletem apenas um
pálido pano de fundo de uma verdadeira organização criminosa
que atua em outros Estados", disse o delegado André Luiz Cunha,
que coordenou as investigações.
O inquérito, que está sendo feito
em conjunto com a Secretaria da
Segurança e com o Grupo de
Combate à Criminalidade, tem 41
volumes e mais de 9.600 páginas.
O próximo passo será a análise
dos nomes pelos promotores de
Justiça do Estado, que devem pedir a prisão e o bloqueio de bens
dos envolvidos. "O objetivo é desarticular o crime organizado no
Estado em sua vertente do jogo do
bicho", disse o delegado Cunha.
O secretário da Segurança Pública, Rodney Rocha Miranda,
avalia que os trabalhos de investigação servirão para desarticular
um dos principais elementos do
crime organizado.
"Se possível, queremos dar a
outros Estados subsídios para implementar as suas próprias operações de desarticulação do jogo do
bicho. É óbvio que o jogo tem ramificações em outros Estados",
afirmou o secretário.
O jogo do bicho foi o capitalizador, durante a década de 80 e início dos anos 90, do crime organizado no Espírito Santo, segundo o
secretário. Entre outros casos, teria sido o trampolim financeiro
para o ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa
do Estado José Carlos Gratz (sem
partido) ascender na política.
Muitos dos nomes da lista estão
envolvidos com crimes na administração pública.
"A situação é bem mais complexa do que parece", declarou o secretário.
Outro lado
"O Gratz se desligou totalmente
do jogo do bicho há 14 anos,
quando assumiu o seu primeiro
cargo público. Ele nunca escondeu que havia sido bicheiro, mas
encerrou todas as suas atividades
nessa área", disse Homero Mafra,
advogado de Gratz.
Colaborou MAURO ALBANO, da Agência Folha
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