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VERDE PAULISTANO
Situação é relatada em 30 dos 31 parques municipais de SP; trilhas ilegais e críticas a lagos vêm em seguida
Animal sem dono lidera problema em parque
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Centro de lazer de grande parte
dos paulistanos, os parques de
São Paulo também são pólos de
concentração de outro público:
animais abandonados. Uma pesquisa realizada pela Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente em
parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) mostrou que a presença de animais
domésticos sem dono é o problema mais freqüente nos 31 parques
municipais da cidade -em 30, os
administradores relataram enfrentar esse problema.
Cães e gatos são os animais mais
comuns, mas, em alguns parques,
especialmente nos bairros mais
periféricos, as pessoas costumam
abandonar até cavalos, afirma a
veterinária Luciana Hardt Gomes, 36, subgerente do Centro de
Controle de Zoonoses.
A pesquisa integra o documento Geo Cidades, que deverá ser
concluído no próximo mês. Com
metodologia do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente), o trabalho integra 83 indicadores sobre a situação ambiental da cidade.
Nos parques, o segundo problema mais freqüente é trilhas aleatórias, encontradas em 13 locais.
Essas passagens, improvisadas
pelos próprios usuários, degradam a flora local.
Em seguida, aparecem os problemas nos lagos e córregos. Em
12 parques, a água estava contaminada. Em oito, havia assoreamento dos corpos hídricos. A pesca ilegal aparece em quinto lugar,
identificada em sete parques. Os
organizadores do estudo ainda
não têm a classificação dos problemas discriminada por parque.
Riscos
A presença de cães e gatos abandonados é ruim tanto para os animais, sujeitos a fome, sede e maus
tratos, como para os freqüentadores dos parques, que podem ser
agredidos pelos bichos ou contrair doenças.
De acordo com o presidente da
ONG Arca Brasil, Marco Ciampi,
a estimativa é que existam 2 milhões de cães na cidade, dos quais
10% não têm dono. O CCZ dispõe
apenas de dados relativos à captura dos animais. Por dia, a média é
de 50 a 60 cachorros capturados.
No ano passado, foram recolhidos 11.400 desses animais.
O número excessivo de cães e
gatos na cidade foi tema de um seminário realizado na semana passada pela Arca Brasil. Segundo
Ciampi, os parques e as praças
concentram essa população por
oferecerem uma possibilidade de
refúgio e alimentação. "Os animais vão naturalmente para os
parques pois esses são nichos na
cidade grande. O entorno desses
locais é hostil para eles. E as pessoas colocam mais animais lá
achando que, em áreas verdes,
eles terão chance de sobreviver."
De acordo com o presidente do
Ipab (Instituto de Proteção aos
Animais do Brasil), Maurício Esteves Coca, isso gera um círculo
vicioso. "A pessoa abandona o
animal no parque. Aí o freqüentador fica com pena e alimenta o
animal, que cresce e procria.
Quando o administrador percebe
o problema, chama o CCZ, que
recolhe e sacrifica os animais. Aí
outra pessoa vai lá e abandona
um novo filhote. O que falta é um
trabalho de conscientização."
A veterinária Luciana Gomes,
do CCZ, concorda que a ação do
órgão é pontual e que é preciso
uma mudança de postura por
parte da sociedade. Segundo ela, o
centro tem um projeto de capacitação para professores das redes
pública e particular para incutir
nas crianças os preceitos da posse
responsável. "As pessoas têm de
aprender que os animais são seres
vivos. Não bichos de pelúcia."
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