São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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VERDE PAULISTANO

Situação é relatada em 30 dos 31 parques municipais de SP; trilhas ilegais e críticas a lagos vêm em seguida

Animal sem dono lidera problema em parque

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Centro de lazer de grande parte dos paulistanos, os parques de São Paulo também são pólos de concentração de outro público: animais abandonados. Uma pesquisa realizada pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) mostrou que a presença de animais domésticos sem dono é o problema mais freqüente nos 31 parques municipais da cidade -em 30, os administradores relataram enfrentar esse problema.
Cães e gatos são os animais mais comuns, mas, em alguns parques, especialmente nos bairros mais periféricos, as pessoas costumam abandonar até cavalos, afirma a veterinária Luciana Hardt Gomes, 36, subgerente do Centro de Controle de Zoonoses.
A pesquisa integra o documento Geo Cidades, que deverá ser concluído no próximo mês. Com metodologia do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o trabalho integra 83 indicadores sobre a situação ambiental da cidade.
Nos parques, o segundo problema mais freqüente é trilhas aleatórias, encontradas em 13 locais. Essas passagens, improvisadas pelos próprios usuários, degradam a flora local.
Em seguida, aparecem os problemas nos lagos e córregos. Em 12 parques, a água estava contaminada. Em oito, havia assoreamento dos corpos hídricos. A pesca ilegal aparece em quinto lugar, identificada em sete parques. Os organizadores do estudo ainda não têm a classificação dos problemas discriminada por parque.

Riscos
A presença de cães e gatos abandonados é ruim tanto para os animais, sujeitos a fome, sede e maus tratos, como para os freqüentadores dos parques, que podem ser agredidos pelos bichos ou contrair doenças.
De acordo com o presidente da ONG Arca Brasil, Marco Ciampi, a estimativa é que existam 2 milhões de cães na cidade, dos quais 10% não têm dono. O CCZ dispõe apenas de dados relativos à captura dos animais. Por dia, a média é de 50 a 60 cachorros capturados. No ano passado, foram recolhidos 11.400 desses animais.
O número excessivo de cães e gatos na cidade foi tema de um seminário realizado na semana passada pela Arca Brasil. Segundo Ciampi, os parques e as praças concentram essa população por oferecerem uma possibilidade de refúgio e alimentação. "Os animais vão naturalmente para os parques pois esses são nichos na cidade grande. O entorno desses locais é hostil para eles. E as pessoas colocam mais animais lá achando que, em áreas verdes, eles terão chance de sobreviver."
De acordo com o presidente do Ipab (Instituto de Proteção aos Animais do Brasil), Maurício Esteves Coca, isso gera um círculo vicioso. "A pessoa abandona o animal no parque. Aí o freqüentador fica com pena e alimenta o animal, que cresce e procria. Quando o administrador percebe o problema, chama o CCZ, que recolhe e sacrifica os animais. Aí outra pessoa vai lá e abandona um novo filhote. O que falta é um trabalho de conscientização."
A veterinária Luciana Gomes, do CCZ, concorda que a ação do órgão é pontual e que é preciso uma mudança de postura por parte da sociedade. Segundo ela, o centro tem um projeto de capacitação para professores das redes pública e particular para incutir nas crianças os preceitos da posse responsável. "As pessoas têm de aprender que os animais são seres vivos. Não bichos de pelúcia."

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