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AMBIENTE
Cetesb lacrou ontem mais 12 poços artesianos de empresas da região, que foram atingidos por substâncias tóxicas
Aumenta área contaminada na zona sul
FERNANDA BASSETTE
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A contaminação do aqüífero
(reservatório de água subterrânea) da zona sul de São Paulo está
cada vez maior e já atinge 19 poços artesianos de 15 empresas instaladas na região.
Ontem, 12 poços artesianos de
nove empresas foram interditados porque a água está contaminada com solventes clorados.
A contaminação da água subterrânea foi descoberta em 2001,
depois que a Gillette do Brasil fez
uma autodenúncia apontando a
presença de substâncias tóxicas
na água e no solo do terreno que
adquiriu da Duracell, em 1996.
Os solventes são substâncias tóxicas que podem provocar danos
nos rins, no fígado e no sistema
nervoso central, além de serem
potencialmente cancerígenos.
As empresas dizem que nunca
utilizaram essa água para consumo humano e sim apenas no processo interno industrial, como
limpeza de banheiros e equipamentos, irrigação, fabricação de
cimento e lavagem de carros.
O risco, no entanto, não está
restrito ao consumo dessa água.
Em recente entrevista à Folha,
Neusa Akemi Niwa Beserra, gerente do setor de química orgânica da Cetesb, explicou que esses
solventes são voláteis e penetram
facilmente na pele, podendo causar danos à saúde das pessoas que
tiveram contato com essa água regularmente e a longo prazo.
Foram lacrados os poços das
empresas Avon Industrial, Baxter
Hospitalar, Biosintética Farmacêutica, Camargo Corrêa Cimentos, Cnaga (Companhia Nacional
de Armazéns Gerais Alfandegados), Drava Metais, Senac, STI-Sadalla Tecnologia Industrial e do
Auto Posto 102.
A análise da água apontou a
presença de cloreto de vinila, dicloroetano, dicloroeteno, tetracloroeteno e tricoloeteno. Essas
substâncias são usadas na fabricação de plástico e também para
lustrar metais.
Concentração
A Cetesb se negou a fornecer os
laudos que apontavam a concentração dos solventes na água.
Apesar de a informação ser pública, Lineu José Bassoi, diretor de
engenharia, tecnologia e qualidade ambiental da Cetesb, disse que
a decisão de não informar os dados partiu da presidência.
A única informação passada pela Cetesb foi que a concentração
de solventes em um dos poços está 20 vezes acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde.
"Os órgãos públicos responsáveis pela tomada de medidas receberam os laudos e já tomaram as
medidas. Eu queria poder entregar essas informações, só que neste momento eu não estou autorizado a isso", disse Bassoi.
Bassoi admite que a extensão da
contaminação é preocupante.
"Não é só na região ao redor da
Gillette que existem problemas. A
gente acredita que há outros focos
de contaminação."
Leila de Carvalho Gomes, diretora de outorga do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo), disse que, se as empresas continuarem a usar a água dos poços, elas
podem ser punidas com multa.
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