São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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SEGURANÇA

Equipe que atuava em serviço interno foi substituída por temporários; novo efetivo atuará, principalmente, na ronda escolar

Ruas de SP têm 5.000 policiais a mais

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A substituição de policiais em serviços internos nos quartéis por soldados temporários levou para as ruas de São Paulo, nos últimos três meses, 5.038 policiais militares a mais, quase o efetivo somado das Polícias Militar dos Estados de Rondônia e do Acre.
A maior parte desse reforço está servindo para montar rondas escolares e formar um "cinturão" ao redor da capital para tentar impedir a migração da criminalidade, com aumento de policiais nas regiões de Campinas, Sorocaba, litoral e Vale do Paraíba.
Até o final deste mês, a Polícia Militar espera começar a receber, gradativamente, mais 3.600 policiais que hoje cuidam da segurança externa em presídios e que serão substituídos por "guardas de muralhas e de escolta", recém-contratados e em treinamento.
No total, haverá 8.638 homens a mais, o equivalente a 10% do contingente atual, envolvidos em ações de patrulhamento ostensivo, número superior ao de PMs do Espírito Santo, segundo relatório de efetivo das policias divulgado pelo Ministério da Justiça.
Por enquanto, a PM não mediu o reflexo do aumento do policiamento de rua nem concluiu os remanejamentos em sua estrutura.
Ter um quadro de operacionais maior era a principal estratégia do Comando da PM paulista para combater a violência. A corporação, que é a maior do país, com 86,5 mil policiais -incluindo 9.000 bombeiros-, tem hoje o maior contingente de sua história.
Segundo o tenente-coronel Eliseu Leite de Moraes, 45, responsável pelo setor de comunicação social da corporação, hoje há um policial administrativo para cada oito operacionais. Até 2006, disse ele, a Polícia Militar de São Paulo espera chegar a 91 mil homens no Estado, como prevê quadro de efetivo aprovado em 97.

Mudanças
O soldado temporário é contratado por meio de concurso público para trabalhar em setores administrativos. Ele recebe treinamento mais curto e salário inferior ao de um policial.
Apesar de a contratação provisória desse tipo de mão-de-obra estar regulamentada desde o final de 1999 (lei federal nš 10.029) e em estudo no Estado desde 1998, quando da criação do serviço civil voluntário (lei nš 9.608), a medida somente saiu do papel no início deste ano, quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enfrentou sua maior crise na área de segurança pública.
Além da repercussão negativa após o sequestro e morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em janeiro último, o número de sequestros no Estado saltou de 78 no terceiro de semestre de 2001 para 127 no último trimestre do mesmo ano.

Novas contratações
Até o início do ano que vem, a PM espera contratar mais mil soldados temporários, chegando a 6.000 no total.
Na capital, informou a PM, a chegada deles permitiu dobrar o número de homens na ronda das escolas: de cerca de 600 para 1.156.
Na Grande São Paulo e no interior, segundo o tenente-coronel Eliseu, estão sendo criados novos batalhões, como em Itaquaquecetuba, na região metropolitana da capital, e companhias, como as de Riacho Grande, Salto e Ibiúna. "A PM tem redimensionado seu efetivo conforme as necessidades locais", afirma o oficial.
Devem receber mais reforço as cidades que compõem o "cinturão" ao redor da capital.
A Polícia Militar ainda estuda o que irá fazer com policiais que serão substituídos nos presídios pelos guardas de muralha. A Folha apurou que está em análise o remanejamento de vagas, o que pode favorecer mais a capital e os municípios da Grande São Paulo.


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