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EDUCAÇÃO
Para não perder alunos, instituições particulares admitem negociar valor de mensalidades; pedidos crescem até 30%
Pais pressionam escolas por descontos
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em tempo de crise, a pressão
dos pais por descontos nas mensalidades das escolas particulares
de São Paulo está em alta. Do outro lado do balcão, tentando não
perder alunos, as escolas se dizem
mais dispostas a negociar.
No Colégio Domus Sapientiae,
no Itaim (zona oeste), o número
de pedidos de desconto feitos até
agora é 15% maior do que o total
do ano passado. No Montessori
Santa Terezinha, no Jabaquara
(zona sul), o aumento foi de 30%.
"Temos visto os pedidos [de
desconto] com melhores olhos",
afirma Maurício Tricate, diretor-administrativo do Colégio Magno
- Mágico de Oz.
O tradicional Colégio Visconde
de Porto Seguro também informa
que houve aumento no número
de solicitações de desconto, mas a
escola ainda não tem estatísticas.
"A família ganha um alívio, e a
escola, além de ser solidária, ganha equilíbrio, pois acaba mantendo bons alunos", diz Celina
Kattini, diretora da unidade Morumbi do colégio.
No Magno, segundo a direção,
cerca de 50% dos pais que conseguem os benefícios dispensam a
concessão assim que conseguem
equilibrar o orçamento.
"Analisamos cada caso com
atenção e critério. Existe o caráter
do investimento, mas a grande
coisa é a responsabilidade social."
Entre os atuais alunos do Magno, 68,4% já reservaram vaga para
2003 -6% a mais do que na reserva para este ano. O colégio, porém, ainda não divulgou o valor
da anuidade para o ano que vem.
A indefinição de valores, segundo o Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), atinge cerca de
80% das escolas do Estado.
Não há ilegalidade no procedimento, mas ele revela que o setor
está apreensivo com seus resultados e vai esperar até o último minuto para fixar seus preços, que
devem ser divulgados até 45 dias
antes do fim das matrículas.
Por um lado, as escolas precisam trabalhar com estimativas e
definir agora o reajuste para o ano
que vem, pois aumentos no decorrer do ano letivo são proibidos. Por outro, sabem que um aumento excessivo vai afugentar
ainda mais a clientela.
Por conta da inadimplência e do
crescimento do número de instituições privadas, cerca de 1.500
(25%) das 6.000 escolas pagas do
Estado podem fechar as portas até
o final do próximo ano.
Para evitar a debandada, outra
tendência nas escolas particulares
para as mensalidades de 2003 é a
concessão de um número maior
de pequenos descontos.
"A gente vai tentar atender ao
maior número de pessoas", diz
João Carlos Martins, diretor do
sistema integrado que administra
o Domus e o Santa Terezinha.
No sistema, cerca de 70% dos
alunos já se matricularam, apesar
de o prazo terminar no fim de novembro. "É ceder um pouco para
equilibrar as contas."
O aumento do número de pedidos exige que as escolas sejam
mais cuidadosas na seleção dos
beneficiados. "Há um momento
em que a escola tem de estender a
mão. Mas estou bem mais rígida
[na seleção]", conta a diretora-geral do Pueri Domus, Fernanda
Zocchio Semeoni.
O colégio exige que o pedido de
desconto ou de bolsa seja fundamentado com comprovação de
renda e contas de luz e telefone.
Segundo o presidente do
Sieeesp, José Augusto de Mattos
Lourenço, as escolas vão trabalhar com orçamentos apertados
para não perder alunos, mas devem estudar com cuidado os limites dos descontos. "É natural do
brasileiro pedir desconto. As escolas estão fazendo, mas isso não
deve ser uma regra."
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