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Estados querem atingir 100 mil em três meses
ARMANDO PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez Estados do país vão tentar
alfabetizar 100 mil pessoas em três
meses, de fevereiro a abril. A idéia
é provar que o ataque ao analfabetismo pode ser rápido e eficiente.
Os Estados são Acre, Bahia,
Ceará, Paraná, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, São Paulo e Sergipe.
"Vamos mostrar que a erradicação do analfabetismo é possível",
diz o secretário da Educação e
Cultura de Canindé (CE), Francisco Celso Crisóstomo Secundino. A cidade, de 70 mil habitantes,
cujo prefeito é do PPB, é uma das
que adotaram no ano passado o
modelo do Analfabetismo Zero.
A secretária de Alfabetização do
MEC, Esther Grossi, sugeriu ao
ministro da Educação, Cristovam
Buarque, que o programa seja implantado nacionalmente. A grande vantagem seria a rapidez.
O método promete fazer um
adulto ler e escrever textos simples em 90 dias.
Os sistemas tradicionais usam
no mínimo um ano. A rapidez é
importante porque reduz a desistência, que chega a ser de 50%.
Um dos grandes entraves, no
entanto, é a formação dos professores. Ela também promete ser relâmpago, feita em cinco dias.
"A capacitação dos professores
é um problema. Os cursos de pedagogia das universidades não
dão instrumentais eficazes para a
preparação docente", afirma Crisóstomo. Canindé é uma das 14
cidades do país que têm projetos
contra o analfabetismo implantados com a assessoria da ONG
Geempa (Grupo de Estudos sobre
Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação), vinculada à deputada Esther Grossi.
O índice de analfabetismo em
Canindé é de 36% entre os habitantes a partir de 15 anos. A média
nacional é de 13,6%. Apesar da dificuldade em treinar professores,
o secretário da Educação da cidade diz que o projeto realmente é
mais rápido e alfabetiza bem.
Segundo Crisóstomo, a evasão
era de 50%. E, entre os que terminavam o curso, só metade era
realmente alfabetizada.
Edi Leal, secretária da Educação
e do Desporto de Quixadá (CE),
outra cidade que adotou o modelo do Geempa e cuja prefeitura é
petista, faz a mesma avaliação. "A
diferença entre os métodos é que
os alunos lêem e escrevem em três
meses, e a evasão é zero." A cidade
tem taxa de analfabetismo em torno de 18%.
Em São Borja (RS), cidade de 65
mil habitantes administrada pelo
PPB, a avaliação é também positiva, segundo o secretário da Educação, Carlos Roberto Bestetti.
Em São Paulo, o Mova Brasil
(Movimento de Alfabetização de
Jovens e Adultos) usa metodologia diferente e alfabetiza no período de seis meses a um ano.
O sistema enfrentou problemas
burocráticos desde sua implantação, em meados de 2001. Os monitores tinham promessa de receber seus salários a partir de julho
daquele ano, mas a maioria dos
convênios só foi firmada em fevereiro de 2002. Mesmo depois dessa data, houve atrasos.
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