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SP quer facilitar ações policiais conjuntas
Secretário Ronaldo Marzagão (Segurança) propõe simplificar aval para atuação de equipes em outro Estado
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Segurança
Pública de São Paulo vai defender, em um encontro entre governadores da região Sudeste e
secretários da área, marcado
para a próxima semana, no Rio,
a desburocratização da relação
entre as polícias dos Estados.
Por essa proposta, segundo o
secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Augusto Marzagão, que comanda
o maior efetivo policial do país,
ficará mais fácil a atuação de
policiais do Rio de Janeiro em
território paulista, por exemplo, e vice-versa.
A burocracia tende a diminuir em relação a operações de
busca e prisões em Estados vizinhos. A proposta inclui apoio
e acesso mais rápido a informações do banco de dados.
Hoje, segundo Marzagão,
que é ex-capitão da Polícia Militar, muitas ações de policiais
nos Estados vizinhos dependem de autorizações das secretarias, o que provoca demora.
A idéia é que a interação
ocorra diretamente entre os
departamentos e órgãos das
polícias estaduais.
"Eles vão conversar diretamente", afirmou o secretário
paulista. "Mas essas propostas
ainda precisam ser discutidas
entre os Estados."
Leia os principais trechos da
entrevista.
FOLHA - Como deve funcionar essa
proposta de interação entre a área
de segurança dos Estados da região
Sudeste?
RONALDO AUGUSTO MARZAGÃO - A
idéia é que os secretários, os comandantes da Polícia Militar e
os delegados-gerais da Polícia
Civil discutam propostas conjuntas. Vamos abrir um canal
de comunicação, trocar mais
informações.
FOLHA - Por exemplo?
MARZAGÃO - Policiais vão poder
atuar em outros Estados com
mais facilidade. Policiais do Rio
vão poder fazer diligências em
São Paulo, ter acesso mais rápido às informações, ter mais
apoio da polícia local.
FOLHA - Mas essa interação não
existe hoje?
MARZAGÃO - Muitas vezes, as
operações têm de passar pela
autorização da secretaria, da
cúpula da polícia. Com a mudança, vai ser mais direto, entre
os departamentos da polícia. O
que antes funcionava por carta
precatória, que demora mais
tempo, poderá ser feito pelo
próprio policial responsável
pela investigação [vindo de outro Estado].
FOLHA - O policial também poderá
realizar prisões em outros Estados?
MARZAGÃO - Se for prisão em
flagrante, qualquer polícia pode fazer, inclusive a polícia local. Se for cumprir mandado de
prisão, a polícia de outro Estado pode realizar, com apoio da
local, por exemplo.
FOLHA - O principal alvo será o crime organizado, as facções como o
PCC [Primeiro Comando da Capital]
e o CV (Comando Vermelho)?
MARZAGÃO - Também. O crime
organizado preocupa a todos.
Mas a proposta também serve
para outros crimes. Muitos criminosos cometem um delito e
fogem para outro Estado. Por
isso, é importante que a polícia
atue nas divisas.
FOLHA - Mas como será a atuação
em relação às facções criminosas?
MARZAGÃO - Tem de ser implacável. Uma linha firme, com
respeito aos direitos humanos.
Se um traficante carioca foge
para São Paulo, um policial de
lá pode seguir a investigação
aqui. Vamos aumentar esse intercâmbio. Vamos organizar na
secretaria informações sobre o
crime organizado para que as
polícias de outros Estados tenham acesso. E é preciso investir em inteligência policial. Isso
permite que façamos prisões
sem dar um único tiro.
FOLHA - As mudanças no Deic [Departamento de Investigações Sobre
o Crime Organizado], carro-chefe da
polícia paulista nas investigações
sobre o PCC, fazem parte dessa nova
estratégia?
MARZAGÃO - O que está ocorrendo são mudanças administrativas rotineiras.
FOLHA - Mas o Deic [departamento
criticado por não ter conseguido se
antecipar ao ataques do PCC em
2006] continuará centralizando as
investigações sobre o PCC?
MARZAGÃO - O que está ocorrendo no Deic são micromudanças. E eu estou falando do
macro. Isso [troca de comando
do Deic] está a critério do delegado-geral.
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