São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2007

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SP quer facilitar ações policiais conjuntas

Secretário Ronaldo Marzagão (Segurança) propõe simplificar aval para atuação de equipes em outro Estado

DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo vai defender, em um encontro entre governadores da região Sudeste e secretários da área, marcado para a próxima semana, no Rio, a desburocratização da relação entre as polícias dos Estados. Por essa proposta, segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Augusto Marzagão, que comanda o maior efetivo policial do país, ficará mais fácil a atuação de policiais do Rio de Janeiro em território paulista, por exemplo, e vice-versa. A burocracia tende a diminuir em relação a operações de busca e prisões em Estados vizinhos. A proposta inclui apoio e acesso mais rápido a informações do banco de dados.
Hoje, segundo Marzagão, que é ex-capitão da Polícia Militar, muitas ações de policiais nos Estados vizinhos dependem de autorizações das secretarias, o que provoca demora. A idéia é que a interação ocorra diretamente entre os departamentos e órgãos das polícias estaduais. "Eles vão conversar diretamente", afirmou o secretário paulista. "Mas essas propostas ainda precisam ser discutidas entre os Estados." Leia os principais trechos da entrevista.

 

FOLHA - Como deve funcionar essa proposta de interação entre a área de segurança dos Estados da região Sudeste?
RONALDO AUGUSTO MARZAGÃO
- A idéia é que os secretários, os comandantes da Polícia Militar e os delegados-gerais da Polícia Civil discutam propostas conjuntas. Vamos abrir um canal de comunicação, trocar mais informações.

FOLHA - Por exemplo?
MARZAGÃO
- Policiais vão poder atuar em outros Estados com mais facilidade. Policiais do Rio vão poder fazer diligências em São Paulo, ter acesso mais rápido às informações, ter mais apoio da polícia local.

FOLHA - Mas essa interação não existe hoje?
MARZAGÃO
- Muitas vezes, as operações têm de passar pela autorização da secretaria, da cúpula da polícia. Com a mudança, vai ser mais direto, entre os departamentos da polícia. O que antes funcionava por carta precatória, que demora mais tempo, poderá ser feito pelo próprio policial responsável pela investigação [vindo de outro Estado].

FOLHA - O policial também poderá realizar prisões em outros Estados?
MARZAGÃO
- Se for prisão em flagrante, qualquer polícia pode fazer, inclusive a polícia local. Se for cumprir mandado de prisão, a polícia de outro Estado pode realizar, com apoio da local, por exemplo.

FOLHA - O principal alvo será o crime organizado, as facções como o PCC [Primeiro Comando da Capital] e o CV (Comando Vermelho)?
MARZAGÃO
- Também. O crime organizado preocupa a todos. Mas a proposta também serve para outros crimes. Muitos criminosos cometem um delito e fogem para outro Estado. Por isso, é importante que a polícia atue nas divisas.

FOLHA - Mas como será a atuação em relação às facções criminosas?
MARZAGÃO
- Tem de ser implacável. Uma linha firme, com respeito aos direitos humanos. Se um traficante carioca foge para São Paulo, um policial de lá pode seguir a investigação aqui. Vamos aumentar esse intercâmbio. Vamos organizar na secretaria informações sobre o crime organizado para que as polícias de outros Estados tenham acesso. E é preciso investir em inteligência policial. Isso permite que façamos prisões sem dar um único tiro.

FOLHA - As mudanças no Deic [Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado], carro-chefe da polícia paulista nas investigações sobre o PCC, fazem parte dessa nova estratégia?
MARZAGÃO
- O que está ocorrendo são mudanças administrativas rotineiras.

FOLHA - Mas o Deic [departamento criticado por não ter conseguido se antecipar ao ataques do PCC em 2006] continuará centralizando as investigações sobre o PCC?
MARZAGÃO
- O que está ocorrendo no Deic são micromudanças. E eu estou falando do macro. Isso [troca de comando do Deic] está a critério do delegado-geral.


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