São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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Prejuízo é geral, diz professor

DA REPORTAGEM LOCAL

O drama de Nalva e Carlinhos é só um entre muitos casos, diz Ricardo Ferreira Bento, professor de otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas. "É um sistema onde todo mundo perde e a instituição desperdiça sua capacidade."
"É preciso ter paciência", afirma Bento. "Uma radiografia demora quatro meses. Uma ressonância demora mais de um ano. E, quando chega a vez, o equipamento está quebrado."
De acordo com o professor, o Hospital das Clínicas reflete apenas a "saúde brasileira". "Como o HC é um hospital terciário, de ponta, ele não tem condições de atender todos os casos."
O sistema reflete mais que uma perda de tempo e de recursos. Reflete também a educação que está sendo transmitida aos médicos iniciantes. Se a escola não o ensinar a respeitar o paciente, ele tenderá a tratá-los mal lá fora.
"Estamos empenhados em inverter essa corrente; queremos um ensino humanístico, onde o paciente esteja no centro", afirma Giovanni Guido Cerri, diretor da Faculdade de Medicina e presidente do Conselho Deliberativo do HC. Segundo ele, já vem ocorrendo uma redução no número de exames e uma atenção mais centrada no paciente. "Estamos nos esforçando para devolver a antiga relação médico-paciente. O problema, aqui, é o gigantismo do hospital."
Essa relação médico-paciente acaba perturbada pela dinâmica das residências, já que os grupos fazem revezamentos por períodos. O médico de família só é possível nas unidades básicas e nos hospitais locais.
Segundo Cerri, o hospital está iniciando a substituição dos prontuários de papel -estimados em 1,5 milhão- por prontuários eletrônicos, uma tarefa que deverá levar anos.


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