São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2004

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PANORÂMICA

PALACE 2

Consultores de Naya e advogados do caso recebem indenização antes de vítimas
A Justiça do Rio autorizou o pagamento, com dinheiro de imóveis do ex-deputado Sérgio Naya bloqueados no processo de indenização das vítimas do Palace 2, para consultores contratados por Naya e até para advogados de ex-moradores, que receberam honorários antes mesmo que todas as vítimas ganhassem a indenização.
O Palace 2 desabou em fevereiro de 98, matando oito pessoas. Cerca de 170 famílias tentam obter indenização, e a Justiça tornou todos os bens de Naya indisponíveis. Das 170 famílias, 73 foram indenizadas.
Como a Justiça ainda não vendeu bens com valor suficiente para pagar a todos, apenas duas famílias, que começaram o processo com outro advogado, receberam R$ 1,3 milhão de um imóvel vendido em Brasília.
O juiz Alexander Macedo afirma que usou os recursos disponíveis com a venda de imóveis até agora para pagar também honorários do advogado dessas famílias, Jader Pedrosa, e do advogado cível da associação, Eduardo Lutz. "O doutor Lutz, que hoje me acusa, recebeu R$ 177.829 para pagamento de honorários. Ele mesmo recebeu antes das vítimas e não há irregularidade nisso", diz Macedo.
Lutz confirmou que recebeu o dinheiro: "Não são honorários. Naya foi condenado a pagar R$ 2 mil por processo. Eu tinha o direito de requerer esse dinheiro, que ele [Naya] me devia".
Os recursos depositados para indenizações foram usados também para pagar R$ 100 mil a Almir Maia Machado por serviços de consultoria. A associação diz que a autorização foi dada sem o aval da Promotoria.
"O Ministério Público foi informado depois. O pagamento era essencial porque o consultor estava encarregado de viabilizar um empréstimo para Naya que serviria para as indenizações", diz Macedo.
Procurado pela Folha, o promotor Rodrigo Terra afirma que nenhum processo realizado sem o conhecimento prévio do Ministério Público tem validade. (DA SUCURSAL DO RIO)


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