São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Ezequiel José, vida na rua 25 de Março

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"A vida dele era a 25". Foi na maior rua do comércio popular de São Paulo que Ezequiel José se fez. Passou de vendedor de retalhos a dono de grande loja. E garantiu o futuro dos filhos.
Filho de imigrantes árabes, Ezequiel José nasceu em São Carlos (SP), mas não gostava do interior. Queria ganhar dinheiro e não tinha nenhum. Pediu então "cem contos de réis" emprestados para a mãe de um amigo e se mandou para São Paulo -não titubeou: foi pedir emprego no comércio da 25.
Começou como auxiliar de balcão na loja de retalhos de uma família, de origem síria como ele. Lá ficou dez anos, chegando a ser gerente, já que tinha árabe fluente. Até que saiu para abrir sua própria loja -claro, na 25.
Em 1962, a Ezequiel Jose Tecidos abriu as portas na rua cheia dos comerciantes da melhor oferta. Ele não ficava para trás, pois "tinha boa lábia, de bom vendedor".
O negócio de tecidos deu certo e a loja passou a vender artigos de cama, mesa e banho. Ele comprou o prédio da loja, o do vizinho e outro para cada um dos dois filhos -sempre no mesmo lugar.
Mesmo aos 86 anos, "seu Zico" não deixava de ir na loja um dia sequer. Era o primeiro a chegar e o último a sair, cheio de histórias dos tempos em que a 25 era uma rua pequena, onde não se falava português e onde a venda era feita na base do grito. Tinha três netos. Morreu de falência múltipla dos órgãos, no dia 28, em São Paulo.


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