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Ezequiel José, vida na rua 25 de Março
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"A vida dele era a 25". Foi
na maior rua do comércio
popular de São Paulo que
Ezequiel José se fez. Passou
de vendedor de retalhos a
dono de grande loja. E garantiu o futuro dos filhos.
Filho de imigrantes árabes, Ezequiel José nasceu em
São Carlos (SP), mas não gostava do interior. Queria ganhar dinheiro e não tinha nenhum. Pediu então "cem contos de réis" emprestados
para a mãe de um amigo e se
mandou para São Paulo
-não titubeou: foi pedir emprego no comércio da 25.
Começou como auxiliar de
balcão na loja de retalhos de
uma família, de origem síria
como ele. Lá ficou dez anos,
chegando a ser gerente, já
que tinha árabe fluente. Até
que saiu para abrir sua própria loja -claro, na 25.
Em 1962, a Ezequiel Jose
Tecidos abriu as portas na
rua cheia dos comerciantes
da melhor oferta. Ele não ficava para trás, pois "tinha
boa lábia, de bom vendedor".
O negócio de tecidos deu
certo e a loja passou a vender
artigos de cama, mesa e banho. Ele comprou o prédio
da loja, o do vizinho e outro
para cada um dos dois filhos
-sempre no mesmo lugar.
Mesmo aos 86 anos, "seu
Zico" não deixava de ir na loja um dia sequer. Era o primeiro a chegar e o último a
sair, cheio de histórias dos
tempos em que a 25 era uma
rua pequena, onde não se falava português e onde a venda era feita na base do grito.
Tinha três netos. Morreu de
falência múltipla dos órgãos,
no dia 28, em São Paulo.
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