São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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TRÂNSITO

De 55 equipes responsáveis pelos aparelhos, só 22 trabalham hoje em SP; prefeitura culpa "trâmite administrativo" em licitações

Conserto de semáforo tem só 40% da equipe

ALENCAR IZIDORO
IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A CET de São Paulo está com apenas 40% do efetivo de manutenção dos semáforos nas ruas da capital paulista. Das 55 equipes responsáveis pela troca de lâmpadas e conserto dos aparelhos, só 22 trabalham atualmente.
A redução drástica de 60% do quadro de profissionais se deve ao vencimento dos contratos com as prestadoras desse serviço.
O problema começou em junho, mas, desde então, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não concluiu as licitações para novos contratos. As 22 equipes que ainda fazem o reparo dos sinais são da companhia.
A precariedade no conserto dos equipamentos tem impacto não só na fluidez como na segurança do trânsito, segundo especialistas. O quadro se agrava por causa do período de chuvas, quando as falhas dos semáforos são comuns.
A Folha apurou que a situação é considerada crítica por técnicos da CET, que já pensa em fazer contratos emergenciais caso as concorrências não sejam concluídas este mês ou tenham seus resultados contestados na Justiça.
Uma equipe de manutenção é formada por dois ou três profissionais, que se revezam em três turnos de trabalho. Além de consertar mais de 4.500 sinais e substituir aqueles afetados em acidentes, deveriam, ainda, trocar 8.500 lâmpadas por mês. Em média, uma a cada cinco minutos.
Segundo estimativas da Abramcet (Associação Brasileira de Monitoramento e Controle Eletrônico de Trânsito), cerca de 40% dos acidentes em centros urbanos acontecem nos semáforos.
Os contratos vencidos em junho envolviam os semáforos eletromecânicos (mais de um terço do total). Esses aparelhos são os mais antigos e têm uma única variação de tempo no dia inteiro.
As 18 equipes, de três empresas (Sitran, Consladel e Braslínea), que faziam o trabalho completaram 60 meses de contrato, prazo máximo previsto pela lei. Como a licitação não estava concluída, apenas dez equipes da CET passaram a reparar os semáforos.
O problema se agravou na semana passada, quando venceram contratos dos semáforos eletrônicos, que funcionam com diferentes variações de tempo em um dia. As 15 equipes contratadas deixaram de fazer o trabalho, restando mais 12 equipes da CET.
Esses funcionários também têm que reparar 600 semáforos inteligentes, que funcionam de acordo com o fluxo de veículos e cujos contratos de manutenção estão parados por contestações judiciais desde a gestão Celso Pitta.
José Antonio Dias Pedroso, gerente de manutenção da CET, reconhece os atuais problemas de "agilidade" para reparar os aparelhos, mas culpa os "trâmites administrativos" pela demora na conclusão da concorrência. Empresas que disputavam a licitação contestaram a participação de outras que não tinham atestado de qualificação para fazer o trabalho.
Pedroso nega que a CET tenha demorado para lançar a licitação no primeiro semestre de 2001. "Não dá para ter a previsão exata do tempo da concorrência. Além disso, naquela época, ainda tínhamos os contratos dos equipamentos eletrônicos, ou seja, dava para esperar mais um pouco."



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