São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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DENGUE

Baixada e Campinas, que concentram 77% dos casos, ainda não terão reforço

Adiada ida do Exército a área crítica

DA REPORTAGEM LOCAL

A Baixada Santista e a região de Campinas, áreas do Estado de São Paulo que concentram a maioria dos casos de dengue, ainda não receberam o reforço integral do Exército no combate à doença, prometido há alguns dias.
"Precisamos de uma análise técnica sobre quantos homens serão necessários. Esta semana acertaremos os detalhes", disse José Antônio de Resendes, da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Em Campinas, em 23 de fevereiro, 60 recrutas participaram de um dia de mobilização, organizado pelas autoridades de saúde.
Duzentos soldados começam a atuar na cidade de São Paulo amanhã. Em uma semana, o Estado teve um crescimento de 79% no número de casos, alcançando 2.831 notificações na sexta-feira passada, segundo balanço divulgado ontem pelo Centro de Vigilância Epidemiológica. A Baixada Santista e a região de Campinas respondem por 77% dos casos.
De acordo com Resendes, o Exército poderá disponibilizar até mil homens. A proposta é atender, além da capital, a Grande São Paulo, o litoral e Campinas.
A Funasa irá pagar R$ 17 a cada soldado por dia. O convênio, iniciado ontem, vai até o dia 31 de maio. Os picos de casos costumam ocorrer entre março e abril.
A capital paulista tem apenas 11 casos confirmados. Os três registros de dengue hemorrágica do Estado estão justamente nas áreas onde a situação é mais dramática, dois em Campinas e um em Santos. As vítimas sobreviveram.
"Estamos com toda a atenção para a Baixada, que tem uma situação complicada de vulnerabilidade climática e controle", disse Dalva Wanderley, da Superintendência de Controle de Endemias.

Armadilha
Um dispositivo criado em 1965 para monitorar a presença do mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti, começou a ser utilizado em Recife como armadilha para o controle do inseto.
Batizado de Ovitrampa, o equipamento foi adaptado pelo Departamento de Zoologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e começou a ser instalado pelos estudantes no campus.
O dispositivo consiste em um depósito escuro com uma espécie de "chá de gramíneas" dentro. O cheiro da infusão atrai a fêmea do mosquito e o ambiente a estimula a depositar seus ovos.
A postura é feita em uma palheta de madeira removível. O suporte é retirado a cada 15 dias, e os ovos são destruídos.
Se nesse período houver eclosão, as larvas são mortas por um inseticida biológico, o Bacilus thunringiensis, que é misturado ao "chá de gramíneas".


Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife

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