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ACIDENTE
Atendimento às vítimas demorou 40 minutos
Com pneus carecas, carro da PM derrapa e mata bebê na calçada
DO "AGORA"
Um jipe Land Rover da Polícia
Militar -com os quatro pneus
carecas- atropelou e matou Karine Tamaris Vilela, de oito meses, que estava numa calçada.
Além do bebê, o jipe, que perseguia um Corsa roubado, atingiu a
madrinha Helena de Souza, 45, e a
vizinha Lúcia Maria de Souza, 29,
sentadas no meio-fio. Os pneus
teriam motivado a derrapagem.
O acidente ocorreu anteontem,
na rua João Baptista Blache, em
Sapopemba, em São Paulo.
Dirigido pelo cabo Valcir Oliveira de Carvalho, 33, o jipe patrulhava a região até os policiais avistarem um Corsa prata roubado.
Junto do cabo estava a policial
Sheila Rocha Borges, 23.
O Corsa passou pelas três. Já o
Land Rover derrapou, atingindo-as. Helena quebrou as duas pernas e a bacia. Com o impacto, Karine, que estava em seus braços,
foi arremessada a cerca de 10 metros. Socorrida por vizinhos, ela
morreu no PS São Mateus.
Depois do atropelamento, o jipe
bateu em um muro. O cabo e a
policial tiveram ferimentos leves.
O Corsa bateu num poste em uma
avenida próxima.
Vizinhos contam que Helena e
Lúcia foram socorridas pelos
bombeiros -acionados pelos
PMs- e levadas ao hospital 40
minutos após o acidente.
Testemunhas contaram à reportagem que, antes de o resgate
chegar, um guincho particular foi
até o local remover o jipe da PM.
"Não passaram nem 15 minutos
do atropelamento e já tinham
mais de dez PMs aqui. Eles nem
olhavam para minha irmã [Lúcia"
e Helena", conta Adriano Feitosa.
Ele conta ainda que, logo após o
acidente, o cabo disse às testemunhas que o Corsa havia atropelado as vítimas, não ele. "Mas todo
mundo aqui viu. Quem atropelou
foi o PM", revoltou-se.
Na madrugada de ontem, o cabo prestou depoimento no 69º DP
ao delegado Salum Jorge. "Quando eu lhe disse que era melhor falar a verdade, ele acabou confessando", disse o delegado.
Recuperação
Há quatro meses, um médico
deu uma semana de vida a Karine,
que sofria de raquitismo, anemia
e bronquite, mas estava tendo recuperação com seus padrinhos.
Era a quinta filha de Maria Eunice
Domiciano, 34, e do "catador de
sucata" Luis Carlos Vilela, 48.
"Descaso"
"Fomos tratadas como cachorras", disse a sobrevivente Lúcia.
Ela afirma que todos os PMs que
foram ao local ignoraram-na para
irem examinar o jipe acidentado.
O comando da Polícia Militar
evitou confirmar que os pneus do
jipe estavam gastos e informou
que só vai se manifestar sobre o
acidente daqui a 30 dias, período
previsto para a conclusão do inquérito policial militar. A reportagem constatou que os quatro
pneus estavam carecas.
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