UOL


São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em 94, cidade teve caso similar

DA SUCURSAL DO RIO

Frederico Branco de Faria não foi a primeira vítima do Exército durante operações de patrulhamento das ruas do Rio de Janeiro. Na noite de 3 de dezembro de 1994, um sábado, o comerciário Alex Alexandre Telles Pacheco, 20, foi morto com cinco tiros de FAL (fuzil automático leve) ao tentar furar uma barreira montada por militares do Exército no morro do Urubu, no bairro de Pilares, zona norte do Rio.
Pacheco, que não tinha ficha policial, foi atingido por um tiro na cabeça, três nas costas e um na perna direita. Segundo a apuração policial feita na época, o comerciário estava bêbado e dirigia um carro Marajó que havia sido roubado horas antes. Pacheco estava acompanhado de Eduardo Antônio Maia, 23, também ferido na ação. Maia teria envolvimento com tráfico de drogas, de acordo com seus próprios familiares.
Segundo foi apurado em IPM (Inquérito Policial Militar), havia no carro um revólver calibre 32 e um dos ocupantes teria atirado nos militares que ocupavam o morro. O juiz Mário César Machado Monteiro, da 3ª Auditoria da Justiça Militar, arquivou o IPM. Ele concluiu que os militares agiram em legítima defesa e "no estrito cumprimento do dever".
A ação dos militares era parte da Operação Rio 1, deflagrada no segundo semestre de 94, no governo de Itamar Franco (1992-94), numa tentativa de conter a violência promovida pelo tráfico de drogas.
Diferentemente da atual Operação Guanabara, a Operação Rio 1 foi precedida de intenso debate e teve praticamente um caráter de intervenção federal no Estado.
O então governador Nilo Batista (PDT) -Leonel Brizola havia se desincompatibilizado para concorrer à Presidência da República- resistia à presença dos militares. Um acordo para que a ação não caracterizasse um rompimento da ordem democrática só foi selado quando as Forças Armadas já tinham seus planos de ação totalmente prontos.
Nos últimos 11 anos, o Estado do Rio já recorreu quatro vezes às Forças Armadas para o combate à violência. A primeira foi em 1992, na conferência internacional sobre o ambiente Eco-92. A segunda, dois anos depois, com a já mencionada Operação Rio 1, que teve continuidade em 1995 (Operação Rio 2). A última delas foi no ano passado, durante as eleições presidenciais.
A Operação Rio 1 foi a que durou mais tempo -dois meses- e nela os militares chegaram a entrar em confronto com criminosos: 1.500 homens do Exército ocuparam 50 morros e favelas do Rio e de Niterói, onde prenderam 400 pessoas e apreenderam 190 armas e 170 carros roubados.
Nas outras duas operações, os militares tiveram uma atuação mais dissuasiva, com a presença de tropas e tanques nas principais vias do Rio, como ocorre também agora.


Texto Anterior: Comando diz que já abriu inquérito para apurar caso
Próximo Texto: Rosinha pede para tropas ficarem
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.