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Processo de aborto legal chega ao STF cinco dias após morte do bebê
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um processo no qual uma mulher queria autorização para interromper a gravidez por causa de
malformação do feto arrastou-se
na Justiça, teve decisões conflitantes e por fim chegou ontem ao
plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), cinco dias depois do
nascimento da criança, que viveu
apenas sete minutos.
Os ministros arquivaram um
habeas corpus movido em defesa
de G.O.C., 18, a mãe do bebê, depois que constataram que não poderiam mais atender ao pedido.
O relator, Joaquim Barbosa, lamentou a demora, particularmente do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), que recebeu um recurso em novembro e só decidiu o
caso em caráter definitivo no dia
18 de fevereiro. Entre 20 de dezembro e 1º de fevereiro o tribunal
esteve em recesso. A Folha não
conseguiu localizar nenhum ministro do STJ envolvido com o caso para comentar a crítica.
Em 6 de novembro, G.O.C. entrou com ação pedindo autorização para o aborto em Teresópolis,
onde mora. Um juiz da cidade negou. O Código Penal autoriza o
aborto nas hipóteses de a gestação
ser resultado de abuso sexual e de
envolver risco à vida da mãe.
O Ministério Público do Rio
apelou ao Tribunal de Justiça do
Estado, que em 19 de novembro
concedeu liminar favorável à interrupção da gravidez. Ao tomar
conhecimento do caso, o padre de
Anápolis Luiz Carlos Lodi da
Cruz recorreu ao STJ e obteve
uma liminar suspendendo a decisão do tribunal fluminense.
O processo chegou ao STF no
dia 27 de fevereiro. "O que eu tenho a lamentar é que uma violência dessa natureza tenha sido cometida por força de uma decisão
judicial", disse Joaquim Barbosa.
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