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PASSEI POR ISSO
Aprendi que o som da chuva poderia ser reproduzido
Tive perda auditiva
congênita e progressiva,
dos dois aos 27 anos. A
minha surdez era de grau
profundo e não sabemos
a causa, porque a surdez nunca foi dominante em minha família.
Minha mãe me ensinou a falar desde pequena e, é claro, eu
ia às sessões de fonoterapia. Sei
uns 30% da língua de sinais,
mas não a uso na maior parte
do tempo. Minha preferência
de comunicação é o português,
por meio da fala e da leitura labial.
Fiz a cirurgia de implante coclear em janeiro de 2003. Assim
que o implante foi ativado, minha primeira reação foi sorrir e
piscar os olhos, sinalizando para minha mãe que eu tinha ouvido o som pela primeira vez.
Conheci a musicoterapia por
meio de amigos. A terapia é interessante porque trabalha
com várias propriedades do
som e me ajuda muito a aumentar a sensibilidade auditiva. Foi a música que me ensinou a entender sons considerados banais para a maioria das
pessoas.
Eu exemplifico: aprendi que
o som da chuva poderia ser reproduzido em alguns instrumentos artesanais e outros objetos, como os sacos de plástico.
O outro aspecto interessante da
musicoterapia é a improvisação, e isso ajuda muito na prática fonoterápica. Diria que
uma funciona como complemento da outra.
Outra coisa legal é que estou
gostando muito de aprender a
tocar flauta doce. Tocar um
instrumento e conseguir falar
pelo celular com minha mãe
ouvindo e entendendo tudo era
algo impensável para mim até
quando fiz o implante coclear.
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