São Paulo, domingo, 05 de março de 2006

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PASSEI POR ISSO

Aprendi que o som da chuva poderia ser reproduzido

Tive perda auditiva congênita e progressiva, dos dois aos 27 anos. A minha surdez era de grau profundo e não sabemos a causa, porque a surdez nunca foi dominante em minha família.
Minha mãe me ensinou a falar desde pequena e, é claro, eu ia às sessões de fonoterapia. Sei uns 30% da língua de sinais, mas não a uso na maior parte do tempo. Minha preferência de comunicação é o português, por meio da fala e da leitura labial.
Fiz a cirurgia de implante coclear em janeiro de 2003. Assim que o implante foi ativado, minha primeira reação foi sorrir e piscar os olhos, sinalizando para minha mãe que eu tinha ouvido o som pela primeira vez.
Conheci a musicoterapia por meio de amigos. A terapia é interessante porque trabalha com várias propriedades do som e me ajuda muito a aumentar a sensibilidade auditiva. Foi a música que me ensinou a entender sons considerados banais para a maioria das pessoas.
Eu exemplifico: aprendi que o som da chuva poderia ser reproduzido em alguns instrumentos artesanais e outros objetos, como os sacos de plástico. O outro aspecto interessante da musicoterapia é a improvisação, e isso ajuda muito na prática fonoterápica. Diria que uma funciona como complemento da outra.
Outra coisa legal é que estou gostando muito de aprender a tocar flauta doce. Tocar um instrumento e conseguir falar pelo celular com minha mãe ouvindo e entendendo tudo era algo impensável para mim até quando fiz o implante coclear.


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