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EDUCAÇÃO
Cerca de 40 pais de alunos gritavam "é picareta"; INSS cedeu apenas um prédio à escola municipal
Secretário é vaiado em entrega de chaves
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
Em meio a uma salva de vaias e
gritos de "é picareta", o secretário
municipal da Educação Ayres da
Cunha recebeu ontem do MEC as
chaves de um prédio do INSS cujo
uso foi cedido à Escola Municipal
Dr. Miguel Vieira Ferreira, em Cidade Dutra, zona sul de São Paulo.
As vaias partiram de cerca de 40
pais de alunos cujos filhos estão
sem aulas por falta de classe. Eles
estavam indignados com a ausência, na solenidade, de Carlos Giannazi, diretor da escola.
Para os pais de alunos, Giannazi
é o grande responsável pela obtenção do prédio, por expor a falta de
vagas que atinge a zona sul da cidade. O secretário, no entanto,
não o convidou para a entrega das
chaves e ainda criticou a atitude
do diretor. "Não é fazendo oba
oba que vamos resolver a situação
da educação na cidade", disse.
Histórico
A polêmica em torno da escola
começou em janeiro, quando o
presidente Fernando Henrique
Cardoso fez um pronunciamento
à nação incitando os diretores de
escolas a inscreverem todas as
crianças que aparecessem, mesmo
que não houvesse vagas.
Giannazi atendeu ao pedido.
Matriculou 600 crianças além das
2.000 vagas existentes na escola.
Depois disso, pediu ao INSS dois
prédios localizados ao lado da escola para usar como classes.
Sua atitude foi elogiada pelo
MEC. Em 27 de janeiro, o diretor
foi considerado símbolo da campanha "Toda Criança na Escola"
pelo ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, que prometeu a ele
os prédios em caráter de urgência.
Mas o período letivo da rede municipal de ensino começou em fevereiro e os prédios não haviam sido entregues. Pressionado pela
imprensa, o INSS informou que
estava movendo ações na Justiça
contra os inquilinos e, após um
acordo, liberou um dos imóveis, o
menor, há duas semanas.
De acordo com um engenheiro
da prefeitura que vistoriou o local
ontem, o prédio tem 75 m2 e abriga apenas uma sala de aula para
cerca de 45 crianças.
Para o secretário municipal, não
só a atitude de Giannazi, mas também os números que o diretor
apresentou estão errados. "A demanda de vagas nesta região é de
90 crianças e não de 600. O restante são crianças de outras regiões
que se inscreveram aqui."
O secretário, que estava acompanhado da delegada de ensino
Odiléia Mattos, não soube dizer se
há vagas para essas crianças nas
regiões onde moram.
Para Maria Auxiliadora Aldergaria Pereira, delegada substituta do
MEC no Estado de São Paulo, dados do IBGE e das Secretarias Estadual e Municipal da Educação
mostram que "ainda tem criança
fora da escola nesta região."
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