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SAÚDE
Experiência vem sendo desenvolvida pela Unesp; produto é alternativa a "superbonder"
Médicos grudam pele com cola de fibrina
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Uma cola de fibrina feita com veneno de cobra e sangue de boi vem
sendo empregada com sucesso em
enxertos de pele por uma equipe
da Unesp (Universidade Estadual
Paulista) em Botucatu.
Pelo menos 15 pacientes que
passaram por cirurgias para retirar tumores da face já tiveram os
tecidos grudados por essa cola.
O resultado, em princípio, é o
mesmo obtido com a cola "superbonder", empregada por um cirurgião paranaense para controlar
uma hemorragia causada por cirurgia no coração.
A "superbonder" já foi testada
em muitos hospitais, mas o problema é que a cola contém substância cancerígena.
A cola de fibrina da Unesp foi experimentada pela primeira vez em
maio de 1997, mas já vinha sendo
estudada há nove anos.
O primeiro paciente -o lavrador Alfonso Garcia Rejas- precisou de enxerto de pele depois que
teve um tumor maligno retirado
da região nasal. Um dos cortes foi
fechado com sutura tradicional e
outro com a cola de fibrina.
Segundo os médicos, depois de
48 horas, os tecidos colados apresentavam cicatrização melhor do
que o outro.
A dermatologista Silvia Regina
Barraviera, que faz parte da equipe
da Unesp, diz que nos 15 pacientes
acompanhados a cola apresentou
melhor resultado que a costura
tradicional. Segundo ela, além dos
enxertos de pele em humanos, a
cola de fibrina já vem sendo empregada em veterinária, em cirurgias oftalmológicas e para fechar
biópsias em testículos de carneiro.
Experimentalmente, a cola também vem sendo usada em cirurgias de intestinos e na colagem de
nervos em animais.
As matérias-primas utilizadas na
cola de fibrina são o veneno da cobra cascavel e o plasma bovino. A
associação de uma das moléculas
do veneno com a proteína do plasma responsável pela coagulação
resulta na cola, que provocará
uma rede de fibrina.
O passo seguinte, buscado pelos
pesquisadores, é a produção de
um selante extraído do sangue humano. O problema, diz a bióloga
Izolete Aparecida Thomazini Santos, é o risco de se ter um produto
contaminado.
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