São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Sedentarismo cai no país, diz pesquisa do Ministério da Saúde

Em 2006, 29,2% dos brasileiros disseram não ter praticado atividade física em 3 meses; em 2008, índice caiu para 26,3%

Entre mulheres, sedentarismo cresceu de 20,1% para 23,5% no período avaliado; elas, no entanto, continuam menos sedentárias que os homens

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O brasileiro está menos sedentário do que há três anos, mostra pesquisa do Ministério da Saúde realizada por telefone em 27 capitais.
Em 2006, primeiro ano em que o levantamento foi feito, 29,2% dos brasileiros disseram não ter praticado qualquer atividade nos últimos três meses, nem no tempo livre nem na limpeza pesada em casa nem no trajeto para o trabalho. Em 2008, o índice caiu para 26,3%.
As mulheres continuam menos sedentárias que os homens. Por outro lado, em relação a 2006, o sedentarismo aumentou entre elas (de 20,1% para 23,5%) e teve uma queda significativa entre eles (caiu de 39,8% para 29,5%).
Segundo Deborah Malta, coordenadora da vigilância de doenças e agravos não-transmissíveis do ministério, a análise detalhada dos números de 2008 ainda será feita. Entretanto, pela comparação entre os dois anos anteriores foi possível concluir que o maior ganho de atividade física entre os homens ocorreu devido a um aumento de trajetos para o trabalho a pé e de bicicleta. Entre as mulheres, caiu principalmente a realização de limpeza pesada em casa, possivelmente devido a uma maior inserção no mundo do trabalho.
Esse fator é também uma explicação possível para o efeito dúbio da escolaridade na prática de exercícios. Como pessoas com mais estudo tendem a ter renda mais alta, é comum entre elas ir ao trabalho de carro e não fazer tarefas domésticas, o que faz com que o sedentarismo entre pessoas com 12 anos ou mais de estudo seja maior do que nas outras faixas.
Por outro lado, por terem mais acesso a lazer, os mais escolarizados lideram a prática de atividade física com a regularidade que o Ministério da Saúde considera suficiente: exercícios leves, como caminhada, por ao menos 30 minutos diários em cinco dias da semana ou vigorosos, como corrida, por ao menos 20 minutos diários em três dias da semana.
"A escolaridade está ligada a um maior poder aquisitivo. Isso favorece hábitos mais e menos saudáveis", diz Otaliba Libânio, do Ministério da Saúde.
A atividade física também está relacionada a um local público adequado próximo de casa, afirma o professor Alex Antonio Florindo, do curso de Ciências da Atividade Física da USP. "Não adianta divulgar os benefícios da atividade física se as pessoas não têm ambiente para praticar", diz ele.
A pesquisa ouviu 54 mil pessoas por amostragem. Foram feitos cálculos para que não fossem distorcidas as estimativas em capitais com baixa cobertura de telefonia fixa. O ministério não descarta, porém, que os dados possam excluir parte dos habitantes dessas cidades.
Embora ocupem apenas o 17º lugar entre as capitais no ranking do sedentarismo, os paulistanos, há três anos, estão em último lugar nas atividades físicas durante o lazer. Apenas 12,1% deles se enquadram nos parâmetros do ministério.
Para Tazue Hara Branquinho, da Secretaria Municipal da Saúde, trata-se de consequência do trânsito e também de uma questão cultural: "Os paulistanos estão muito confinados. A atividade física está muito ligada à maneira como as pessoas se posicionam na sociedade. Se elas se isolam, acabam ficando na frente da televisão e do computador."


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