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Franceses desenvolvem "jeitinho" para encarar a cidade de SP
No Ano da França no Brasil, eles contam como imprimem seu estilo de vida à metrópole e mostram lado moderno de seu país de origem, conhecido pela sofisticação
OCIMARA BALMANT
DA REVISTA DA FOLHA
Dentre os 11 milhões de habitantes da capital, eles são cerca
de 6.000 e têm uma missão definida para 2009. No Ano da
França no Brasil, os franceses
radicados na metrópole querem mostrar à terra que os recebeu o lado moderno do seu
país de origem, conhecido pela
sofisticação, pela veia revolucionária e até pelo mau humor.
"Em 2005, no Ano do Brasil
na França, 15 milhões acompanharam a programação e viram
que por aqui havia mais do que
Carnaval e futebol", diz Thierry
Valentin, diretor do Centro
Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica.
"Queremos mostrar a cultura
contemporânea de lá. Olhar para frente e não para trás."
Thierry trabalha com educação, uma das áreas em que a
França é referência. Assim como ele, outros imigrantes fazem da Pauliceia um lugar para
se trabalhar e viver à francesa.
"Jeitinho"
Da gastronomia à moda, com
uma parada obrigatória na cultura, a Folha conversou com
franceses que se consideram
paulistanos. Gente que aposta
em nichos de mercado em que
o país europeu fez e faz escola.
Jean-Thomas Bernardini
acreditou no potencial dos filmes independentes e criou o
Reserva Cultural, que se pretende mais do que um cinema.
O casal Michael e Marike
Magnin trouxe o requinte de
uma grife infantil parisiense
para uma alameda dos Jardins.
Alain Poletto comanda 120
pessoas em um restaurante onde o menu é tipicamente brasileiro, mas a cozinha segue o rigor da gastronomia francesa.
Savoir-faire
Eles reproduzem, com profissionalismo, a estratégia adotada pelos compatriotas que
chegaram a São Paulo no século
19. "Aproveitando-se da influência cultural, alguns com o
savoir-faire e outros não, improvisavam seus papéis", explica Vanessa Bodstein Bivar, que
defendeu tese de doutorado sobre a imigração francesa na São
Paulo oitocentista.
Ela se refere a modistas, alfaiates, cabeleireiros, empreendedores de hotelaria e restaurateurs. "Serralheiros e marceneiros na França viravam costureiros aqui", constata a pesquisadora. "Estratégias de sobrevivência."
Voilà
Duzentos anos depois, a cidade que acolheu tantos talentosos imigrantes vai receber pitadas de cultura francesa nos cerca de 200 eventos que vão
acontecer durante este ano, até
o mês de novembro.
O Ano da França no Brasil
promete aguçar paladares, mas
também mostrar que a terra de
Napoleão tem mais que música
clássica e culinária sofisticada.
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