São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Franceses desenvolvem "jeitinho" para encarar a cidade de SP

No Ano da França no Brasil, eles contam como imprimem seu estilo de vida à metrópole e mostram lado moderno de seu país de origem, conhecido pela sofisticação

OCIMARA BALMANT
DA REVISTA DA FOLHA

Dentre os 11 milhões de habitantes da capital, eles são cerca de 6.000 e têm uma missão definida para 2009. No Ano da França no Brasil, os franceses radicados na metrópole querem mostrar à terra que os recebeu o lado moderno do seu país de origem, conhecido pela sofisticação, pela veia revolucionária e até pelo mau humor.
"Em 2005, no Ano do Brasil na França, 15 milhões acompanharam a programação e viram que por aqui havia mais do que Carnaval e futebol", diz Thierry Valentin, diretor do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica. "Queremos mostrar a cultura contemporânea de lá. Olhar para frente e não para trás."
Thierry trabalha com educação, uma das áreas em que a França é referência. Assim como ele, outros imigrantes fazem da Pauliceia um lugar para se trabalhar e viver à francesa.

"Jeitinho"
Da gastronomia à moda, com uma parada obrigatória na cultura, a Folha conversou com franceses que se consideram paulistanos. Gente que aposta em nichos de mercado em que o país europeu fez e faz escola.
Jean-Thomas Bernardini acreditou no potencial dos filmes independentes e criou o Reserva Cultural, que se pretende mais do que um cinema.
O casal Michael e Marike Magnin trouxe o requinte de uma grife infantil parisiense para uma alameda dos Jardins.
Alain Poletto comanda 120 pessoas em um restaurante onde o menu é tipicamente brasileiro, mas a cozinha segue o rigor da gastronomia francesa.

Savoir-faire
Eles reproduzem, com profissionalismo, a estratégia adotada pelos compatriotas que chegaram a São Paulo no século 19. "Aproveitando-se da influência cultural, alguns com o savoir-faire e outros não, improvisavam seus papéis", explica Vanessa Bodstein Bivar, que defendeu tese de doutorado sobre a imigração francesa na São Paulo oitocentista.
Ela se refere a modistas, alfaiates, cabeleireiros, empreendedores de hotelaria e restaurateurs. "Serralheiros e marceneiros na França viravam costureiros aqui", constata a pesquisadora. "Estratégias de sobrevivência."

Voilà
Duzentos anos depois, a cidade que acolheu tantos talentosos imigrantes vai receber pitadas de cultura francesa nos cerca de 200 eventos que vão acontecer durante este ano, até o mês de novembro.
O Ano da França no Brasil promete aguçar paladares, mas também mostrar que a terra de Napoleão tem mais que música clássica e culinária sofisticada.


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