São Paulo, Segunda-feira, 05 de Abril de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Retirada de documentos por funcionários da empresa no feriado motivou demissão
Pitta demite diretoria da Anhembi, suspeita de contratar "fantasmas"

SILVIA CORRÊA
da Reportagem Local

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (sem partido), demitiu ontem toda a cúpula da Anhembi Turismo e Eventos, uma das empresas municipais investigadas pela polícia e pela CPI da Máfia da Propina, sob a acusação de contratar irregularmente funcionários para trabalhar com vereadores.
Na última quinta-feira, ponto facultativo, funcionários da Anhembi retiraram documentos do departamento pessoal da empresa.
Acionados pelo presidente da CPI, José Eduardo Cardozo (PT), o promotor José Carlos Blat e o delegado Itagiba Franco apreenderam dez caixas com documentos que tinham sido levados para um mezanino, além de um computador.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Pitta afirmou que sua administração é transparente, e que demitiu a diretoria por causa dos fatos relatados pela mídia.
Nas caixas apreendidas, havia folhas de pagamento, prontuários de funcionários, folhas de presença e arquivos sobre concorrências públicas e contratos.
Os próprios seguranças da empresa disseram aos investigadores que nunca viram no local a maioria dos funcionários fichados.
A Folha apurou que entre esses supostos empregados estão pessoas com o sobrenome de políticos. Um deles é Garib, nome da família do ex-vereador e deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB), um dos investigados na máfia da propina.
Segundo Blat, a maioria desses funcionários ocupa a função de assistente técnico 2, pela qual recebem salários que variam de R$ 3.000 a R$ 9.000.
"No dia 10 de março, por exemplo, uma mulher de 75 anos e que tem o primeiro grau incompleto foi contratada por um salário superior a R$ 5.500", disse Blat. "Queremos saber o que ela fazia e quem a contratou. De qualquer forma, o fato revela, no mínimo, falta de critérios nas contratações", afirmou.
Ricardo Castelo Branco, demitido da presidência do Anhembi, havia sido colocado no cargo por indicação do filho do ex-prefeito Paulo Maluf, Flávio Maluf.
Sua demissão, porém, já era articulada na prefeitura antes mesmo do surgimento de denúncias de irregularidades na Anhembi.
Seu afastamento é visto como mais um passo na onda de "desmalufização" do governo Pitta. Antes dele, em novembro passado, saíram da administração os secretários Edevaldo Alves (Governo) e Reynaldo de Barros (Vias Públicas). Na semana passada, foi a vez de Lair Krahenbuhl (Habitação).


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