São Paulo, Segunda-feira, 05 de Abril de 1999
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Viscome chora, mas continua negando acusações em acareação

Lili Martins/Folha Imagem
O vereador Vicente Viscome chega ao Instituto de Criminalística, no Butantã, zona sudoeste de São Paulo


da Reportagem Local

O vereador Vicente Viscome se reservou o direito de falar apenas à Justiça durante a acareação feita na noite de ontem com sua assessora e ex-namorada Tânia de Paula.
Durante a acareação, Tânia mencionou 3.000 ovos de páscoa comprados no ano passado e perguntou: "Você sabia de onde vinha o dinheiro, não sabia?" Viscome então disse que só falaria em juízo.
O encontro, que começou com a leitura dos depoimentos de ambos à polícia, durou uma hora e quarenta minutos (das 19h às 20h40).
Viscome permaneceu o tempo todo de pernas e braços cruzados. "A reação do vereador evidencia que ele não tinha como rebater a acusação de Tânia. Temos cereza de que ele mentiu", afirmou o delegado Saad Naief.

Para Tuma Jr., ao pedir para falar em juízo, quem cala consente. Viscome quis conversar com Tania em particular, mas ela não aceitou
durou das 19h às 20h40.
Tânia se disse decepcionada com a reação de Viscome e acha que ele está mal orientado. "A advogada está mais preocupada em me atacar do que em denfende-lo. Já que ele nega, o namoro acabou mesmo.
Viscome está usando colete a prova de bala.
Ele deixou que eu subisse com ele ao alto da montanha e agora quer que eu despenque sozinha.
Hoje, ele pode ser acareado com o Tirolli, Vladimir Ferreira.
Naief espera concluir até amanhã com 18 indiciados, entre eles Viscome. Algumas preventivas vão ser pedidas.

O vereador Vicente Viscome continuou negando participação no esquema de corrupção da Administração Regional da Penha durante a acareação feita ontem com a presidente da Anesp (Associação do Nordestinos do Estado de São Paulo), Francisca Bezerra.
Os dois ficaram frente a frente das 17h às 18h. Durante o confronto de versões, segundo o delegado Naief Saad Neto, o vereador se exaltou e chorou três vezes, mas negou todas a acusações.
Francisca Bezerra afirma que em 97 assessores de Viscome exigiram R$ 1.000 semanais para permitir o funcionamento de uma feira típica nordestina na Vila Matilde. Ela diz ter se recusado a pagar a propina e afirma ter comunicado o fato ao vereador. A feira foi fechada pelos fiscais dias depois da suposta recusa de pagamento da extorsão.
Na acareação, a presidente da Anesp voltou a exibir documentos protocolados na Câmara Municipal dos quais constam as denúncias de corrupção. Um desses papéis foi protocolado também no gabinete do então secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli. Savelli enviou resposta à denunciante dizendo que havia exigido providências.
"Você é uma mentirosa", reagiu Viscome ao ouvir o relato, segundo Naief. De acordo com o vereador, os documentos nunca chegaram a suas mãos. Ele diz que a feira foi fechada porque Francisca estava extorquindo os barraqueiros.
No final, quando ambos viram que nenhum estava disposto a mudar sua versão, tanto Viscome quanto Francisca declararam: "Deus vai dizer quem tem razão".
Durante a noite, Viscome seria acareado com sua assessora e ex-namorada Tânia de Paula, considerada a principal testemunha contra o vereador. Em depoimento, Tânia disse que entregava cerca de R$ 50 mil mensais de propina a Viscome.


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