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55% dos professores têm atividades fora da escola
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
Ser professor é uma atividade
que vai além das paredes da sala de
aula. Boa parte dos docentes da rede particular paulista se dedica a
outras atividades além da docência
e aplica uma parcela significativa
de seu dia preparando aulas, montando e corrigindo provas.
Essas informações foram levantadas por uma pesquisa inédita
que traçou o perfil do professor da
rede particular no Estado de São
Paulo. O trabalho foi feito a pedido
da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo).
O estudo mostra que até 55% dos
professores exercem outras atividades. Essa característica tende a
prevalecer entre os que dão aulas
no ensino superior, nível em que é
comum a contratação de profissionais integrados ao mercado de trabalho -como advogados e engenheiros- para dar aulas, mas
também é significativa no ensino
médio e no fundamental, níveis em
que as atividades extras tendem a
ser na própria área da educação.
Quanto ao trabalho em casa, eles
gastam, em média, dez horas por
semana para complementar e preparar as atividades de sala de aula.
Assim, se a renda do professor da
rede privada pode ser considerada
até alta quando comparada com a
média salarial da categoria no Sudeste -R$ 1.824 contra R$ 1.496-
isso decorre do fato que o professor da rede particular paulista se
dedica a mais de uma atividade.
É o caso da professora Tânia
Mainardi Echeverria que divide
seus dias entre as aulas na 1ª e na 2ª
série (pela manhã) e a preparação
de aulas e provas (quatro horas à
tarde) e as atividades como coordenadora da área de geografia na
escola onde leciona."Adoro meu
trabalho, mas é estressante e exige
muita dedicação", diz ela.
Segundo a pesquisa, o professor
gasta, em média, R$ 210 por mês
para se manter atualizado.
"Hoje em dia, os alunos têm
acesso a todo o tipo de informação.
Eles também gostam muito de
atualidades e o professor precisa se
preparar", diz Tânia.
Mas, se por um lado, a preocupação com formação está ligada a
uma demanda dos alunos, por outro, ela decorre de um conjunto de
mudanças em processo no setor.
"As novas propostas pedagógicas e a competição que passou a
existir entre as escolas levam à sobrecarga de trabalho do professor", diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp.
A legislação educacional prevê,
por exemplo, que até 2007 todos os
professores da educação básica
(ensino fundamental e médio) têm
de ter ensino superior. No entanto,
o diploma não é suficiente, já que
as novas propostas pedagógicas
-que exigem que o professor seja
mais um mediador do que um mero transmissor de conteúdos-
criam a necessidade de investimento em formação. A pesquisa
revela que 83% dos docentes já fizeram cursos de capacitação.
"O professor tem de estar sintonizado com o mundo", diz José
Augusto Mattos Lourenço, presidente do Sieeesp, sindicato que representa as escolas particulares de
São Paulo.
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