São Paulo, Segunda-feira, 05 de Abril de 1999
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55% dos professores têm atividades fora da escola

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

Ser professor é uma atividade que vai além das paredes da sala de aula. Boa parte dos docentes da rede particular paulista se dedica a outras atividades além da docência e aplica uma parcela significativa de seu dia preparando aulas, montando e corrigindo provas.
Essas informações foram levantadas por uma pesquisa inédita que traçou o perfil do professor da rede particular no Estado de São Paulo. O trabalho foi feito a pedido da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São Paulo).
O estudo mostra que até 55% dos professores exercem outras atividades. Essa característica tende a prevalecer entre os que dão aulas no ensino superior, nível em que é comum a contratação de profissionais integrados ao mercado de trabalho -como advogados e engenheiros- para dar aulas, mas também é significativa no ensino médio e no fundamental, níveis em que as atividades extras tendem a ser na própria área da educação.
Quanto ao trabalho em casa, eles gastam, em média, dez horas por semana para complementar e preparar as atividades de sala de aula.
Assim, se a renda do professor da rede privada pode ser considerada até alta quando comparada com a média salarial da categoria no Sudeste -R$ 1.824 contra R$ 1.496- isso decorre do fato que o professor da rede particular paulista se dedica a mais de uma atividade.
É o caso da professora Tânia Mainardi Echeverria que divide seus dias entre as aulas na 1ª e na 2ª série (pela manhã) e a preparação de aulas e provas (quatro horas à tarde) e as atividades como coordenadora da área de geografia na escola onde leciona."Adoro meu trabalho, mas é estressante e exige muita dedicação", diz ela.
Segundo a pesquisa, o professor gasta, em média, R$ 210 por mês para se manter atualizado.
"Hoje em dia, os alunos têm acesso a todo o tipo de informação. Eles também gostam muito de atualidades e o professor precisa se preparar", diz Tânia.
Mas, se por um lado, a preocupação com formação está ligada a uma demanda dos alunos, por outro, ela decorre de um conjunto de mudanças em processo no setor.
"As novas propostas pedagógicas e a competição que passou a existir entre as escolas levam à sobrecarga de trabalho do professor", diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp.
A legislação educacional prevê, por exemplo, que até 2007 todos os professores da educação básica (ensino fundamental e médio) têm de ter ensino superior. No entanto, o diploma não é suficiente, já que as novas propostas pedagógicas -que exigem que o professor seja mais um mediador do que um mero transmissor de conteúdos- criam a necessidade de investimento em formação. A pesquisa revela que 83% dos docentes já fizeram cursos de capacitação.
"O professor tem de estar sintonizado com o mundo", diz José Augusto Mattos Lourenço, presidente do Sieeesp, sindicato que representa as escolas particulares de São Paulo.


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