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Decisão irá afugentar investidores, prevê Câmara dos EUA
Vice-presidente da entidade diz que medida do governo brasileiro foi um "grande passo atrás" para o desenvolvimento do país
A PhRMA, entidade de pesquisa dos EUA, disse que respeito à propriedade intelectual assegura um fluxo constante de remédios
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A decisão do governo brasileiro de quebrar a patente de
um remédio da Merck afugentará os investidores do país. A
opinião é da Câmara do Comércio dos EUA, entidade que representa mais de 3 milhões de
empresas norte-americanas.
"O Brasil vem trabalhando
para atrair investimentos de
indústrias inovadoras que dependem do respeito à propriedade intelectual, e essa ação
muito provavelmente mandará
esses investimentos para outro
lugar", afirma Daniel Christman, em nota divulgada pela
câmara norte-americana.
Para o vice-presidente de assuntos internacionais, a decisão representa "um grande passo atrás para o desenvolvimento do país" e acontece "poucos
dias depois de o Brasil ser reconhecido" em sua luta pelo respeito aos direitos intelectuais.
Ele se refere à "promoção" do
país na lista antipirataria divulgada anualmente pelo USTr, o
escritório de comércio exterior
dos EUA, que tirou o país da segunda pior classificação.
Posição igual tem PhRMA,
entidade de pesquisa bancada
pela indústria farmacêutica
norte-americana. "Estamos extremamente desapontados
com o fato de o Brasil ter tomado essa ação sem continuar as
negociações com a Merck", escreve seu presidente, Billy Tauzin. "Respeito à propriedade
intelectual é importante para
que haja um fluxo constante de
remédios novos e melhores."
Não por acaso, é o que pensa
também a Federação Internacional da Indústria de Medicamento, entidade que reúne fabricantes do mundo inteiro na
Suíça: "Embora permitida sob
certas circunstâncias pela Organização Mundial do Comércio, a quebra de patente não é a
melhor solução para facilitar o
acesso a medicamentos".
Reação oposta teve a AIDS
Healthcare Foundation, uma
das principais entidades de
apoio a pacientes e pesquisas
de HIV/Aids. "Ao anunciar sua
intenção de quebrar a patente,
o Brasil está de novo mostrando a outros países o caminho a
ser seguido para a obtenção de
drogas contra a Aids acessíveis", disse Michael Weinstein,
presidente da ONG.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do USTr,
o órgão do governo norte-americano que poderia falar sobre
o assunto, não se pronunciou.
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