São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Decisão irá afugentar investidores, prevê Câmara dos EUA

Vice-presidente da entidade diz que medida do governo brasileiro foi um "grande passo atrás" para o desenvolvimento do país

A PhRMA, entidade de pesquisa dos EUA, disse que respeito à propriedade intelectual assegura um fluxo constante de remédios

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A decisão do governo brasileiro de quebrar a patente de um remédio da Merck afugentará os investidores do país. A opinião é da Câmara do Comércio dos EUA, entidade que representa mais de 3 milhões de empresas norte-americanas.
"O Brasil vem trabalhando para atrair investimentos de indústrias inovadoras que dependem do respeito à propriedade intelectual, e essa ação muito provavelmente mandará esses investimentos para outro lugar", afirma Daniel Christman, em nota divulgada pela câmara norte-americana.
Para o vice-presidente de assuntos internacionais, a decisão representa "um grande passo atrás para o desenvolvimento do país" e acontece "poucos dias depois de o Brasil ser reconhecido" em sua luta pelo respeito aos direitos intelectuais. Ele se refere à "promoção" do país na lista antipirataria divulgada anualmente pelo USTr, o escritório de comércio exterior dos EUA, que tirou o país da segunda pior classificação.
Posição igual tem PhRMA, entidade de pesquisa bancada pela indústria farmacêutica norte-americana. "Estamos extremamente desapontados com o fato de o Brasil ter tomado essa ação sem continuar as negociações com a Merck", escreve seu presidente, Billy Tauzin. "Respeito à propriedade intelectual é importante para que haja um fluxo constante de remédios novos e melhores."
Não por acaso, é o que pensa também a Federação Internacional da Indústria de Medicamento, entidade que reúne fabricantes do mundo inteiro na Suíça: "Embora permitida sob certas circunstâncias pela Organização Mundial do Comércio, a quebra de patente não é a melhor solução para facilitar o acesso a medicamentos".
Reação oposta teve a AIDS Healthcare Foundation, uma das principais entidades de apoio a pacientes e pesquisas de HIV/Aids. "Ao anunciar sua intenção de quebrar a patente, o Brasil está de novo mostrando a outros países o caminho a ser seguido para a obtenção de drogas contra a Aids acessíveis", disse Michael Weinstein, presidente da ONG.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do USTr, o órgão do governo norte-americano que poderia falar sobre o assunto, não se pronunciou.


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